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Publicado em: 04/04/2014

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Opinião: Juros contra indexação

04/04/2014.

Por José Paulo Kupfer

Poucas vezes uma decisão do Copom esteve tão sintonizada com as expectativas dos analistas de mercado. A sintonia se deu não só em relação ao ritmo de elevação da taxa básica de juros, mas também no que diz respeito à mensagem contida no comunicado emitido no fim da reunião de ontem.

Faltava pouco para a unanimidade nas apostas da alta de 0,25 ponto porcentual decidida ontem sem divergências no colegiado, levando a taxa Selic para 11% ao ano. Idem para o teor do comunicado, que deixaria, como deixou, portas abertas para pelo menos mais uma alta, em maio.

Essa convergência de opiniões foi ganhando corpo desde que a prolongada estiagem do verão provocou um puxão para cima nos preços dos produtos agropecuários no atacado. Sim, há indicações de que o choque de oferta ocorrido já está perdendo força. Mas os efeitos colaterais de altas de preço em cascata, mesmo momentâneas, numa economia ainda indexada, balançaram as perspectivas de um estacionamento das taxas de juros em abril.

O Copom continua a repetir que os efeitos da política monetária sobre a inflação são cumulativos e defasados, o que, em tradução livre do “coponês” – o idioma do Banco Central em sua comunicação com o mercado –, significa dizer que, para o BC, está próxima a hora de estacionar a taxa de juros. Essa hora, porém, foi estendida para maio ou, quem sabe, julho, puxando a Selic para 11,25% ou 11,5%, depois que o Banco Central, no Relatório de Inflação da semana passada, elevou suas próprias projeções para a inflação em 2014.

Fonte: Estadão Online (Jornal O Estado do Ceará)