Pular para o conteúdo principal

Publicado em: 03/07/2014

Categoria

MUDAR REALIDADE É DESAFIO - 75% do PIB concentrados em 10% dos municípios

A transferência de renda teve o impacto mais significativo sobre a diminuição da desigualdade no Estado

Com 75% do Produto Interno Bruto (PIB) concentrado em 10% dos municípios, o Ceará tem como um dos principais desafios, para as próximas décadas, promover uma melhor distribuição da renda e das atividades produtivas, além de reduzir a dependência em relação aos programas de transferências de renda. Essa conclusão foi apresentada ontem durante o lançamento do livro "Desenvolvimento Econômico do Ceará: Evidências Recentes e Reflexões", elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Estado do Ceará (Ipece).

Conforme um dos organizadores da publicação, o economista e diretor técnico do Ipece Adriano Sarquis, o Estado registrou avanços significativos nos últimos anos, a exemplo do aumento da renda e da diminuição da desigualdade social. Entretanto, ressalta, essa evolução esteve mais diretamente ligada aos programas de transferência de renda do que aos ganhos efetivos da renda salarial.

De acordo com o estudo, a contribuição da renda salarial para a queda da a desigualdade entre 2006 e 2012 foi de 35,08%, enquanto os programas de transferência de renda tiveram participação de 40,75% nesse processo. "Isso é terrível para a economia. Desde 2004 estamos nessa estratégia 'de curto prazo'. Que curto prazo é esse que vem desde 2004 e a renda (continua) sendo gerada principalmente pelas transferências sociais?", questiona Sarquis.

Capital humano

Para o economista, o principal caminho para reduzir essa dependência e dinamizar a economia de cidades que se sustentam sobretudo através do comércio e dos programas sociais é investir em capital humano - com qualificação da mão de obra, por exemplo -, bem como na criação de novas estruturas produtivas.

Segundo a publicação, os empregos formais cearenses apresentavam, em 2012, baixo nível de escolaridade, com 48% da força de trabalho tendo apenas ensino médio completo. Outros 11,15% tinham apenas nível fundamental completo.

Aspectos demográficos

Outra questão apontada por Sarquis é a concentração demográfica no Ceará, onde 29% da população vive na Capital. O levantamento feito pelo Ipece salienta que o crescimento das áreas urbanas - especialmente a Região Metropolitana de Fortaleza - representa um desafio a ser superado, diante do risco de que o fluxo migratório para as cidades supere a capacidade dessas áreas para absorver de modo adequado os novos moradores.

Planejamento

De acordo com Adriano Sarquis, os entraves que agora se apresentam exigem do poder público uma postura de planejamento a longo prazo, que ultrapasse as metas estabelecidas para cada gestão. "É preciso pensar no Ceará de 2035, de 2040", ilustra.

Um dos motivos para isso, acrescenta, é o envelhecimento da população, associado a fatores como a redução da taxa de fecundidade no Estado e o aumento da população idosa em relação ao número de jovens.

 

Repórter: João Moura

Fonte: Jornal Diário do Nordeste