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Publicado em: 01/08/2014

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Crise na Argentina vai afetar setores da economia do Ceará

A economia do Ceará sentirá o impacto do calote técnico praticado pela Argentina. Estudo aponta que, em quatro anos, a balança comercial cearense com a Argentina caiu 71,1% em exportações e diminuiu 81,2% em importações

O fato da Argentina ter entrado em default ou calote técnico por não conseguir pagar uma parcela, até a última quarta-feira, aos fundos que aceitaram a renegociação da dívida e trocaram seus títulos em 2005 e 2010, vai impactar na economia cearense.

O economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Alex Araújo, ressalta que o Ceará é um grande produtor de trigo. “Temos uma importante indústria de moagem que mantém relações com a Argentina”.

Para Alex, o default da Argentina isola qualquer financiamento ou investimento estrangeiro para lá, provocando uma paralisação, que repercutirá em outros mercados. “Pesa ainda o fato do Brasil ser um país vizinho e os dois serem considerados mercados emergentes”, adverte.

A crise afetará todo o sistema de oferta de fornecimento de capital externo, analisa Alex, causando um encarecimento de linhas de crédito para financiamento ao comercio exterior. “Isso, certamente afetará a indústria e o comércio cearense”, enfatiza.

Retração de negócios

Um estudo que avalia as relações comerciais que mantêm o Brasil e o Ceará com a Argentina, realizado pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), aponta que, de 2011 para 2014, a balança comercial cearense com a Argentina caiu 71,1% em exportações e diminuiu 81,2% em importações.

Entre os principais setores exportados pelo Ceará para a Argentina estão calçados, seguidos de algodão e obras diversas de metal comum.

Para o sócio-diretor de produção da Agrícola Famosa, Luiz Roberto Barcelos, no caso da agricultura, o impacto será “insignificante”, já que a Argentina também é produtora agrícola. “No passado, exportávamos melão para a Argentina, mas, de dois anos para cá, devido ao problema cambial, eles começaram a fazer uma seleção do que poderia importar e viram que essa fruta não era um produto prioritário”, ressalta.

Conforme o empresário, haverá impactos no setor da indústria, já que a Argentina é um dos maiores clientes do setor no Brasil. “A situação causa ainda uma espécie de ajuda indireta, já que, de ontem para hoje, o dólar teve um aumento e isso favorece o nosso mercado”.

O diretor da A3 Turismo, Alberto Moura, analisa que a crise afetará ainda o setor de turismo, pois, “a instabilidade poderá causar greves, manifestações e problemas de insegurança, além do aumento da inflação”.

Fonte: O Povo Online (Jornal O Povo)