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Publicado em: 15/07/2014

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CEARÁ E EMERGENTES - Setor produtivo em busca de aliados

Empresários do Estado contam suas projeções para a Cúpula do Brics e afirmam que ainda há barreiras a superar

Não faltaram representantes do setor produtivo cearense no Fórum Empresarial do Brics, que ocorreu ontem, no Centro de Eventos do Ceará. Durante todo o dia, vários empresários do Estado circularam pelo evento em busca de novos contatos, tecnologias diferenciadas, ou simplesmente para estreitarem relações com outros empresários da África do Sul, China, Índia e Rússia - países que formam com o Brasil o grupo de emergentes. No geral, os cearenses se mostraram otimistas com a possível aproximação entre as nações, mas ressaltaram também que diversas barreiras ainda precisam ser superadas para que a produção local se beneficie.

Para o presidente do Instituto Frutal, Euvaldo Bringel, por exemplo, a agricultura do Estado pode dar um salto significativo caso consiga se relacionar melhor com os países que formam o Brics. Segundo ele, "essas nações são potenciais consumidores das nossas frutas e de diversos outros itens. É um mercado que pode se abrir para nós nos próximos anos". Ele explica, porém, que a dificuldade logística ainda é muito grande. "Esse é o momento de abrir as portas, de analisarmos o que é viável ou não. O Ceará tem uma facilidade enorme para mandar frutas para a Holanda, mas para China e Rússia é complicado. A África do Sul e a Índia nem fazem parte da realidade do nosso setor", diz.

Quem também destacou os desafios da relação entre o Brasil e os outros países do Brics foi o presidente da Fiec, Roberto Macêdo. Conforme diz, o evento é uma grande chance para a indústria cearense atrair investimentos e buscar relações de importação e exportação, mas é preciso "dar objetividade" às conversas. "A expectativa é forte, mas não podemos ficar só nas intenções, nos protocolos, como vem ocorrendo nas últimas cúpulas. Precisamos de ações objetivas para superarmos as diferenças e olharmos juntos na mesma direção, o que não é fácil", afirma. "A balança comercial cearense tem saldo negativo com todos esses quatro países. Precisamos mudar isso", acrescenta Macêdo.

Novas tecnologias

Também presente no evento, o controlador da Fujita Engenharia, Carlos Fujita, disse que foi ao Centro de Eventos à procura, principalmente, de novas tecnologias e equipamentos. "A expectativa é que possamos identificar contatos e formar parceiros para o setor de infraestrutura e construção civil do Ceará. O Brasil tem uma demanda muito grande e esses encontros nos possibilitam conhecer novas tecnologias que possam ser aplicadas no nosso ambiente de trabalho".

Fujita elogiou ainda a China como exemplo a ser seguido. "Eles têm um volume muito grande de construção. Queremos buscar essa experiência de fazer muito em pouco tempo".

Carlos Fujita também ressaltou que as empresas cearenses poderiam pensam em prestar serviço para os países do Brics, mas não agora. "Acho que elas têm que amadurecer e explorar o potencial do mercado interno. Ainda há muitas oportunidades no Brasil", opina o engenheiro.

Valor agregado

O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico do Ceará (Simec), Ricard Pereira, também se mostrou incomodado com a relação que o setor tem com outros países. "O Ceará tem uma base de exportação montada em produtos primários, como o minério. Não é o caminho. O ideal seria industrializar essa matéria-prima e exportar produtos com maior valor agregado", diz.

Ocupação hoteleira da Capital atinge mais de 83%

A taxa de ocupação da rede hoteleira de Fortaleza nos dois dias de reunião da Cúpula do Brics, que reúne desde ontem chefes de Estado e de governo do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, alcançou 83,95%, de acordo com estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Ceará (ABIH-CE).

Conforme a entidade, o índice de ocupação durante o evento equivale a taxas registradas em dias de jogos da Copa do Mundo na Capital. "Esse evento é muito importante, principalmente pela visibilidade que irá trazer para todo o Estado", afirma o presidente da ABIH-CE, Darlan Leite.

Apesar do setor hoteleiro cearense não participar efetivamente do evento, Darlan espera que o Ceará consiga captar o turismo desses países. "É necessário que o turismo seja tratado como um dos produtos mais importantes do portfólio de nossas exportações. Temos que tentar atrair os turistas estrangeiros e consolidar totalmente o Estado no turismo internacional", enfatiza o presidente da ABIH.

Comitivas

As comitivas dos países que participa da reunião do Brics se concentrar em três hotéis da orla da Capital cearense. No Gran Marquise, por exemplo, dos 230 leitos do hotel, 90% está reservado para os integrantes das comitivas do Brasil e da China.

Já no Luzeiros, cerca de 75% dos quartos estão reservados para pessoas que vão participar do evento, entre executivos e empresários. No Marina Park, as reservas para o evento correspondem a 50% dos leitos.

Áquila Leite - Repórter

Fonte: Diário Online (Jornal Diário do Nordeste)