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Publicado em: 09/07/2014

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APRESENTAÇÃO DO ITAMARATY - Banco dos Brics será "espelho" do FMI

Brasil foi o único do grupo a abrir mão da sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conforme embaixador

O Arranjo Contingente de Reservas (CRA) e o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) dos Brics - grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - serão “espelho” do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, foi o que explicou o subsecretário-geral político II do Ministério das Relações Exteriores, embaixador José Alfredo Graça Lima. As instituições nascerão em Fortaleza, que sediará a VI Cúpula dos Brics nos dias 14 e 15.

Em entrevista coletiva na tarde de ontem no Rio de Janeiro, com transmissão pela internet, Graça Lima afirmou que o Brasil foi o único do grupo a não manifestar interesse em sediar o NBD. “O Brasil foi o único que não apresentou uma proposta de sede”. A presidência da instituição será rotativa.

Xangai (China), Moscou (Rússia), Joanesburgo (África do Sul) e Nova Deli (Índia) são as candidatas a sediar o NBD. “É possível que a decisão sobre a sede seja tomada pelos líderes do Brics no dia 15, se não for objeto de consenso pelos ministros no dia 14”. A aposta, segundo Lima, é a de que Xangai seja a escolhida.

Apesar de afirmar que o CRA e o NBD funcionarão como o FMI e o Banco Mundial, Graça diz que as instituições não serão concorrentes e que trabalharão de forma suplementar. “Os países do Brics têm propostas de reformas que não podem ser atendidas, especialmente pelo FMI. De certa maneira, a criação do arranjo contingente de reservas e do banco atende a essas necessidades”.

Quanto ao CRA, ele ressaltou que funcionará como uma linha de defesa adicional para os países com dificuldades no Balanço de Pagamentos. “(O Arranjo) é reflexo do progresso dos países de acumular reservas, de crescer, a ponto de poder trabalhar para ajudar a si próprios e aos demais”.

China será a maior

O Banco terá capital inicial de US$ 50 bilhões, sendo US$ 10 bilhões em recursos e US$ 40 bilhões em garantias. Depois da assinatura do acordo para sua criação, o banco terá que ser aprovado pelos Parlamentos dos cinco países. O fundo terá capital inicial de US$ 100 bilhões. A China entrará com US$ 41 bilhões; o Brasil, a Rússia e Índia com US$ 18 bilhões cada; e a África do Sul com US$ 5 bilhões.

Quanto à participação no Banco de países em desenvolvimento que não façam parte do Brics, existe a expectativa de que isso possa acontecer, mas sem critérios definidos e sem data para deliberação.

Segundo Lima, os dois instrumentos econômico-financeiros são os “resultados esperados e mais visíveis” do evento. “Estão sendo negociados há algum tempo. Amadurecemos o suficiente para que seja objeto de decisão no encontro de Fortaleza”.

Com a afirmação de que o agrupamento “serve para os países integrantes se conhecerem melhor e aprofundarem o exame de suas potencialidades”, o embaixador destacou a temática principal do encontro: inclusão social e desenvolvimento sustentável.

Análise

“O Governo da China foi o que mais se apresentou como interessado. E não foi só o Brasil que demonstrou desinteresse em sediar o possível banco”, afirmou Bosco Monte, presidente do Instituto Brasil África.

 A sede da instituição não importa, diz Marcelo. “O que importa é o poder econômico. A cota que o país entra para a construção do fundo”.

Para ambos, ainda é incerto se a instituição vai virar realidade. “Eu acho, por exemplo, que esse banco não sai. São países que estão em situações muito divergentes”, avalia Marcelo. (colaboraram Yara Peres, especial para O POVO, e Beatriz Cavalcante)

 

Repórter: Andressa Bittencourt

Fonte: Jornal O Povo