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Publicado em: 10/07/2014

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RELAÇÕES COMERCIAIS - Índia é incógnita, mas especialistas veem potencial

Mercado é consumidor é o grande trunfo da Índia. Novo governo gera certa desconfiança

Um país com dificuldades infraestruturais parecidas com as do Brasil, a Índia ainda é uma incógnita em termos econômicos, segundo especialistas consultados pelo O POVO. Entretanto o país é visto como um mercado consumidor em grande potencial. Isto porque ele tem a segunda maior população - 1,24 bilhão - o primeiro lugar está com a China, com 1,36 bilhão de pessoas.

O desconhecimento sobre a Índia diz respeito, principalmente, ao seu novo governo, que assumiu em maio deste ano. O primeiro-ministro Narendra Modi terá sua primeira agenda internacional na VI Cúpula dos Brics em Fortaleza, que começa na próxima segunda-feira.

A mudança pode ser fator para a elevação de parcerias econômicas do Brasil com o país. É o que aponta a pesquisa “Relações comerciais com a Índia” do Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN-CE) e da Federação das Indústrias do Estado (Fiec).

“A possível introdução de reformas estruturais relacionadas com o mercado de energia, a simplificação dos procedimentos para projetos de infraestrutura, bem como ao mercado de capitais, sugere perspectivas positivas para o futuro”, diz o estudo.

Eduardo Bezerra, superintendente do CIN, corrobora esta perspectiva. “Eu tenho uma visão muito otimista do que irá acontecer neste mês de Brics com a Índia. Há probabilidade de aumento da negociação com a mudança de postura do governo deles”.

Na avaliação de Paulo Matos, professor do Curso de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará (Caen-UFC), o governamental é importante para amenizar a desconfiança e o desconhecimento que se tem do país e melhorar as transações comerciais com os países do Brics.

“Os dados mostram, por exemplo, que a Índia é um dos piores países da Cúpula (em termos de educação, trabalho e segurança jurídica). Isso faz com que haja desconfiança do empresário na hora de fazer transações comerciais com a índia. Além disso, alguns aspectos da cultura religiosa do país também complicam esse relacionamento. Como não poder trabalhar em certos dias da semana”, diz.

Apesar destes entraves, ele afirma que Brasil e Índia, possuem potencial de crescimento parecido e que a Cúpula do Brics é um fator que vem para facilitar o comércio entre os países. “Há problemas fortes de burocracia e corrupção em ambos. O Brics, então, também facilitará a relação entre eles”.

Para Marcos Holanda, economista e professor departamento de economia aplicada da UFC, “ainda é preciso conhecer mais os aspectos econômicos da índia antes de realizar negócios com o país”.

Resumo da cobertura Brics no O POVO

TERÇA-FEIRA, 8 - O que o Brasil tem a ganhar entre os Brics

A matéria mostra que o Brasil vai ganhar em parcerias devido a aproximação que terá com Rússia, Índia,China e África do Sul.

QUARTA-FEIRA, 9 - Banco dos Brics será espelho do FMI

Na publicação, O POVO mostra que o Brasil foi o único a abrir mão da instituição.

QUARTA-FEIRA, 9 - Brasil e Rússia buscam ter mais voz no mundo

A aproximação entre os países seria para ambos terem maior participação nos organismos internacionais.

NÚMEROS

4% foi a participação de exportação do CE para a Índia no setor de gorduras, óleos e ceras animais/vegetais em 2013

 QUEM VEM A FORTALEZA

Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia - Nascido em 1950, o nacionalista hindu Narendra Modi é o primeiro-ministro da Índia, eleito por maioria absoluta nas eleições gerais do país. Pertencente ao partido Bharatiya Janata Party (BJP), Narendra comanda a Índia, por se tratar de um país de sistema parlamentarista, em que ele tem mais poder que o presidente, Pranab Mukherjee.

Leia amanhã: China e Brasil: a competição pode se tornar cooperação?

 

Repórter: Beatriz Cavalcante

Fonte: Jornal O Povo