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Publicado em: 13/07/2015

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Soluções financeiras reforçam micro e pequenas empresas

Hoje, as micro e pequenas empresas são a força motriz da economia nacional. Ao todo, os nove milhões de micro e pequenas empresas (MPEs) representam 98% das empresas do País, concentram 52% dos empregos formais e 25% do Produto Interno Bruto (PIB). Em meio ao contexto de crise, são as primeiras a sentir os impactos. Segundo Henrique Félix, economista e professor de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC), o grau de lucratividade das MPES é reduzido. Elas têm menos recursos para sobreviver durante a retração econômica. Os primeiros passos para contornar a situação são a redução de custos e de mão de obra. Outra medida é recorrer a linhas de crédito como soluções financeiras.

Neste caso, aponta Félix, os programas de financiamento subsidiados pelo Governo despontam com condições melhores de prazo e taxas de juros do que as contratações de recursos dos bancos privados. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por exemplo, possui diversas operações com condições diferenciadas. A maioria dessas operações, porém, deve ser intermediada por um banco conveniado. O Banco do Nordeste (BNB) também oferece linhas variadas, com destaque para as contratações do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).

Acesso

Henrique Félix ressalta alguns entraves dos programas subsidiados. Conforme ele, as MPEs precisam de projetos estruturados para ser avaliados e aprovados na contratação desses financiamentos. Em contrapartida, avalia o professor, buscar crédito em bancos privados pode ser uma solução onerosa para a empresa. “É um momento difícil. A política anti-inflacionária do Governo concentra no aumento nas taxas de juros. As firmas que demandam crédito estão pagando custos mais altos. O crédito privado está esta muito caro. Por outro lado, os financiamentos subsidiados pelo Governo precisam de projeto, passam por uma avaliação. Tem que passar por esse processo. Conseguindo passar, é uma boa opção para sanar a situação, por ser um financiamento mais em conta, com mais tempo de carência e condições diferenciadas. O problema é o acesso aos bancos públicos”, analisa.

Sobre o acesso aos bancos, o superintendente de Negócios de Varejo e Agronegócio do BNB, Luiz Sérgio Farias Machado, garante que o banco tem investido em uma série de melhorias em seus processos de concessão de crédito, o que tem permitido concluir a análise e contratação de propostas dentro de prazo cada vez menor. “A facilitação ao acesso ao crédito está em processo de melhoria contínua. Em uma das ações para ganhar velocidade, disponibilizamos, via internet, uma proposta simplificada e a relação de documentos necessários, em nosso portal www.bancodonordeste.gov.br na seção Empresas/Programas de Financiamento/Programas do FNE. Quando o cliente visitar a agência, nosso gerente de negócios vai adequar sua proposta às condições individuais de modo que o cliente terá a oportunidade de detalhar as condições”, esclarece Machado.

Soluções

Cético diante do momento econômico do Brasil, o empresário Décio Costa, diretor da distribuidora de peças para motocicletas Leal e Costa, lamenta as variações do mercado que estão afetando, principalmente, empresas de pequeno porte como a sua. “Estou há 17 anos no mercado, mas, infelizmente, nosso negócio está cada vez mais complicado. É uma situação delicada. Contudo, em momentos de aperto, eu pego crédito com o BNB. Já me socorreu muito, tanto para fundo de caixa quanto para a aquisição de produtos. O banco tem papel importante na economia. Como solução financeira, já contratei, ao todo, umas 10 operações de curto e longo prazos”, afirma Costa.

O empresário se encaixa no perfil MPE do banco com maior representatividade que é o setor do comércio, que corresponde por 47% das contratações; os serviços representam 26% e a indústria 24%.

De acordo com Francisco das Chagas Soares, diretor de Negócios em exercício do BNB, o banco tem uma cesta de serviços bancários completa. “É bom lembrar que disponibilizamos não apenas o crédito de longo prazo, para que a MPE invista em instalação, ampliação, modernização e inovação, e o capital de giro, para comprar matérias primas e compor estoques. Também ofertamos todos os demais serviços para atender integralmente as empresas MPE, como cheque especial, antecipação de recebíveis, cartão de crédito e débito, fundos de aplicações financeiras, seguros, desconto de títulos e outros. O banco conta, ainda, com um produto de capital de giro rotativo, cuja operacionalização ocorre por meio de um cartão”, explica.

Investimentos

Conforme Francisco das Chagas, o BNB conta, hoje, com mais de 82 mil clientes MPEs ativos na região e 17,5 mil apenas no Ceará. Nesse contexto, aponta o diretor, os clientes MPEs do Estado representam 21,3% dos clientes MPE do banco. Luiz Sérgio Farias Machado reforça que o fomento dos negócios contribui para o incremento da geração de emprego e renda e a melhoria dos indicadores socioeconômicos da região, reduzindo desta forma a redução da disparidade econômica em relação às regiões mais desenvolvidas.

Em 2014, o banco investiu R$ 2,9 bilhões em micro e pequenas empresas, acumulando um ativo de R$ 6 bilhões até maio de 2015. Até junho, o BNB contratou R$ 1,35 bilhões. “As aplicações do FNE foram incrementadas em 18%, em relação ao mesmo período do ano passado. Prevemos contratar R$ 3,1 bilhões até dezembro”, prevê Francisco das Chagas.

No Ceará, o BNB aplicou R$ 595 milhões em micro e pequenas empresas em 2014, representando 20,5% do total aplicado pelo banco no segmento. “Em 2015, já aplicamos R$ 245,9 milhões até  a posição de junho, frente ao montante de R$ 239,8 milhões aplicado no mesmo período no ano passado”, reitera o diretor de Negócios.

“MPEs tem importância estratégica do ponto de vista socioeconômico”

Em 10 anos, as operações de empréstimos e financiamentos do BNB para as micro e pequenas empresas cresceram mais de 900%. Em 2005, foram aplicados R$ 287,7 milhões paras MPEs. Em 2014, esse número saltou para R$ 2.961,37 bilhões (Gráfico). A meta é fechar 2015 com R$ 3,1 bilhões em contratações.

Segundo Francisco das Chagas Soares, o banco tem reforçado as soluções financeiras para as micro e pequenas empresas devido ao impacto socioeconômico dos segmentos. “As micro e pequenas empresas têm uma importância estratégica do ponto de vista socioeconômico, tanto para o país como também para a Região Nordeste. O segmento representa 98% das empresas e 62% dos empregos”.

Nessa perspectiva, acrescenta Soares, o banco oferece condições especiais de financiamento e empréstimos às micro e pequenas empresas, em consonância com a chamada Lei Geral das MPEs (LC 123 de 14.12.2006). “Para viabilizar sua missão, o Banco do Nordeste conta com recursos constitucionais (FNE). Assim, podemos financiar até 100% do empreendimento – conforme a negociação – e o cliente tem até 12 anos para pagar o financiamento. No caso do programa Inovação, o prazo vai até 15 anos com até cinco de carência. As prestações pagas em dia recebem um bônus de 15% incidentes sobre a taxa de juros”, explica o diretor de Negócios.

 

Fonte: Jornal O Estado