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Publicado em: 21/01/2015

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INFLAÇÃO -Medidas podem ter efeito contrário, dizem especialistas

Alta nos preços dos combustíveis e a conta de energia até 25% mais elevada devem gerar ambiente inflacionário. O desempenho do dólar também é determinante para alta da inflação. Será necessário elevar taxa básica de juros

As medidas anunciadas pelo Governo Federal com o objetivo de reduzir o consumo e frear a inflação podem não ter o efeito esperado. Apesar de encarecer o crédito para o consumidor com a alta no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), desestimulando as compras parceladas, o Governo aprovou a volta da Contribuição para regular preços dos combustíveis (Cide). A Petrobras anunciou que a cobrança do imposto será repassada para o consumidor. Além do aumento no preço dos combustíveis, a alta projetada de 25% nas contas de energia este ano também irá pressionar a inflação.

O caráter recessivo das medidas do Governo além de não serem suficientes para conter a inflação, pode gerar um baixo crescimento econômico, de acordo com especialistas. Outro fator negativo é o aumento do índice de desemprego. “Medidas recessivas sempre são ruins para a economia. O comércio é o primeiro setor a ser impactado”, avaliou o diretor executivo da pela Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Alex Araújo.

Além da conjuntura interna recessiva, o País ainda terá que estar atento à taxa de câmbio. O dólar caiu a R$ 2,6150 ontem depois de ter alcançado a maior alta em quase um mês (R$ 2,656). O desempenho do dólar também é fator determinante para a alta da inflação, segundo o professor do departamento de economia aplicada da UFC, Marcos Holanda.

Com a moeda americana mais cara, as indústrias locais compram máquina e insumos no mercado internacional a preços mais altos, encarecendo os produtos para o consumidor final.

Taxa Selic

Para controlar o aumento dos preços, o Governo ainda terá que usar como instrumento a elevação da taxa básica de juros, a Selic. Analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC) esperam elevação de 0,5 ponto percentual na Selic na reunião do Comitê de Política Monetária que termina hoje. A taxa básica está em 11,75% .

O aumento da taxa de juros também é importante para evitar a evasão de divisas de investidores estrangeiros. Como o Governo não pode controlar o câmbio, acaba aumentando o valor dos juros que pagará pela compra de títulos públicos pelos estrangeiros. Os investimentos são necessários para pagar os juros da dívida.

Saiba mais

Produtos Importados terão uma maior taxação de PIS/Cofins (Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público / Contribuição para Financiamento da Seguridade Social). A alíquota sobe de 9,25% para 11,75%. Produtos importados estavam com taxação menor que os nacionais depois que o STF considerou inconstitucional a inclusão do ICMS na base de cálculo de importados.

Cosméticos terão uma tributação extra. Além de pagar Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre as fábricas, haverá cobrança de IPI também das empresas distribuidoras dos produtos cosméticos. Expectativa é injetar R$ 381 milhões nos cofres públicos.

Combustíveis terão um aumento de impostos. Será cobrada novamente a Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), tributo zerado desde 2012 para evitar aumento. O imposto será de R$ 0,22 por litro de gasolina e de R$ 0,15 por litro de diesel. A Petrobras vai repassar os preços para as distribuidoras.

O crédito para pessoa física ficará mais caro. O Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF) sobe de 1,5% para 3,0% ao ano. Tributo havia sido reduzido em maio de 2012 para incentivar o crédito ao consumo.

Fonte: O Povo