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Publicado em: 10/06/2015

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Inflação da cesta básica atinge 22,79% na Capital, em maio

Em maio, a inflação do conjunto dos 12 produtos que compõem a cesta básica de Fortaleza mais que dobrou, ao subir 8,89%, sendo a sexta alta seguida, e a quinta de 2015 – uma vez que, em abril, o preço subiu 3,81%. Embora seja a maior elevação do ano, o grande destaque está na inflação da cesta acumulada, entre janeiro e maio, que já chega a 22,79%. As informações são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica (PNCB), divulgada, ontem, pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese-CE).

Com a variação mensal, o preço subiu de R$ 316,20 (abril) para R$ 344,30, e, com isso, a capital cearense tem a segunda cesta básica mais cara do Nordeste, ao mesmo tempo em que está na sétima posição entre as mais baratas do País. Conforme a pesquisa, considerando o valor e, tomando como base o salário mínimo vigente no País (R$ 788,00) – correspondente a uma jornada mensal de trabalho de 220 horas –, o trabalhador teve que desprender 96 horas e sete minutos de sua jornada de trabalho mensal para essa finalidade. O gasto com alimentação de uma família padrão (dois adultos e duas crianças) foi de R$ 1.032,90, isto é, R$ 84,30 a mais do que os R$ 948,60 de abril.

Comportamento

A pesquisa mostra que a elevação no preço final do mês passado foi influenciada pela alta de oito itens, com destaque para o tomate (35,7%) e carne (8,09%) – com maior intensidade –, seguido de arroz (3,08%), pão (2,91%), manteiga (1,54%), café (1,1%), leite (0,71%) e óleo de soja (0,30%). No período, apenas três itens apresentaram redução, como farinha (6,13%), feijão (5,47%) e banana (1,44%). Segundo o levantamento, a alimentação básica, em maio, está mais cara do que em novembro de 2014 (R$ 280,59) e do que maio de 2014 (R$ 304,06).

Quanto às variações semestral e anual, a cesta básica de Fortaleza, o comportamento verificado foi de 22,71% e 13,23%, respectivamente. No acumulado em 12 meses, terminados em maio, a capital cearense aparece com a terceira maior inflação da região Nordeste e também do País, atrás, apenas, de Salvador (25,41%) e Aracaju (14,66%), em ambos os casos.

Balanço

No semestre terminado em maio, entre os produtos, os que sofreram maior elevação nos preços, estão tomate (95,78%), feijão (46,62%) e carne (13,37%). Apenas dois produtos sofreram redução no período analisado, como a farinha (3,54%) e o leite (1,39%). Na série de 12 meses, os que sofreram maior elevação nos preços, foram feijão (29,51%), carne (20,63%) e tomate (20,59%). Entre as reduções, no período analisado, aparecem o feijão (29,51%), a carne (20,63%) e o tomate (20,59%), segundo a pesquisa.

Para o Dieese-CE, levando em consideração a determinação constitucional, que estabelece que o salário mínimo deva ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família – com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência –, o valor do salário mínimo necessário deveria ser de R$ 3.261,61, ou seja, 4,29 vezes o mínimo em vigor, de R$ 788,00. Em abril, o mínimo necessário era menor, equivalendo a R$ 3.251,61, ou seja, 4,13 vezes o piso vigente. Por fim, em maio de 2014, o valor necessário para atender às despesas de uma família chegava a R$ 3.079,31, o que representava 4,25 vezes o salário mínimo de então (R$ 724,00).

Inflação está bem acima da meta, diz economista

A economista do Dieese-CE/Sintepav, Bruna Frazão, ao comentar os resultados, observa que a elevação acumulada do preço da cesta este ano (22,79%) já está bem acima da inflação oficial prevista para o País em 2015, pelo Banco Central, de 8,46%, e, ainda, superior à meta de 6,5%. “Hoje a gente só nota o quanto a cesta básica aumentou porque o dinheiro não dá mais para fazer as mesmas compras de antes. Se pegarmos o salário mínimo líquido (R$ 724,00), vemos que 48% dele já é destinado à cesta básica. É um comprometimento muito grande da renda do trabalhador e da dona de casa com alimentos”, disse Bruna.

Entre as principais altas, ela informa que a alta do tomate foi motivada pela oferta do produto em baixa na Capital. “80% do mercado da Capital é abastecido com a produção vinda de Baturité - que teve uma queda nessa oferta, sendo insuficiente para suprir a demanda, o que pressiona esses preços para cima”, explicou a economista. Já com relação à carne – item de maior peso na composição do preço da cesta -, ela explica que “houve um aumento nas exportações do produto e nos custos de reposição do gado – como rações e novas cabeças – que estão mais elevados”. Além disso, “no Ceará, basicamente, não há mais cabeças de gado, sendo que, ainda, temos a produção de ovinos e caprinos, mas não é o principal produto consumido”, acrescentou.

Fonte: O Estado do Ceará