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Publicado em: 10/03/2015

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CORROSÃO DO PODER DE COMPRA - Poupança perde para a inflação pelo terceiro mês seguido

Há três meses, a inflação supera a poupança. Em fevereiro, caderneta rendeu 0,59%. A inflação chegou a 1,22%

Nos últimos três meses - dezembro de 2014, janeiro e fevereiro deste ano - o rendimento da poupança foi inferior à inflação, fazendo com que o poupador perdesse poder aquisitivo de -0,57%. O levantamento é da consultoria Economatica, mostrando que o rendimento da poupança ficou abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro, pelo terceiro mês seguido.

Segundo o estudo, a poupança teve valorização de 0,59% no mês de fevereiro de 2015 contra 1,22% registrado pelo IPCA no mesmo período. Isso fez com que o poupador tivesse perda do poder aquisitivo de -0,62%.

A baixa rentabilidade da poupança, de 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR), já vem tirando a atratividade da poupança. No mês passado, os saques superaram as entradas em R$ 6,2 bilhões, segundo o Banco Central.O economista Vitor Leitão explica que nos últimos três anos a poupança tem rendido mais que a inflação. “Com exceção de quem aplicou durante a vigência da regra nova e em 2013”, comenta.

Destaca, porém, que o pequeno investidor deixa de ganhar ao não optar por títulos públicos ou outros produtos de investimentos, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) que, até o limite de R$ 250 mil são garantidas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), não pagam Imposto de Renda (IR) e oferecem melhor remuneração que a poupança.

O presidente do Conselho Regional de Economia no Ceará (Corecon-CE), Allisson Martins concorda que existem alternativas de investimentos mais atrativas. “Podemos exemplificar os títulos do Governo Federal negociados no Tesouro Direto. O título NTN-B (Nota do Tesouro Nacional – série B) oferece a inflação (IPCA) + taxa de juros superior a 6% ao ano”, diz, se referindo à cotação de ontem. Adianta que vários bancos já oferecem este produto aos clientes.

O professor de Finanças do Ibemec-MG, Eduardo Coutinho, considera que milhões de pessoas ainda investem na caderneta de poupança por causa da tradição, simplicidade e facilidade. “Falta educação financeira”, pondera.

Leitão concorda. “Tem muita informação disponível gratuitamente na internet, mas o desinteresse somado à falta de tempo em função do corre-corre diário faz com que as pessoas não busquem essa informação”, afirma.

Ele lembra que a diferença de rentabilidade entre os investimentos pode até parecer pequena, mas é preciso fazer as contas. “Dependendo do montante e do prazo do investimento, pode haver uma grande diferença”.

O assessor financeiro, Juliano Custódio, avalia que, agora, com a inflação batendo recordes, certamente quem investir em Poupança vai perder para a inflação e vai ver seu dinheiro perdendo poder de compra.

“Vale explicar que o valor não vai diminuir, quem investir R$ 1.000 nunca vai ter menos do que esse valor mas a cesta de produtos que ele vai comprar, vai ser menor com o tempo. “No final das contas, dificilmente vale a investir em poupança, pois sempre existem investimentos que pagam mais, que tem a mesma segurança, e que têm a mesma facilidade para saque (liquidez), como CDBs (Certificados de Depósitos Bancários)”.

Saiba mais

A nova regra para cálculo de rendimentos da poupança foi criada em 2012, quando o país atravessava um ciclo de baixa da taxa básica de juros (Selic).

Com a remuneração oferecida pelos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) cada vez menor (em função da Selic baixa), os investidores passaram a migrar dos CDBs para a poupança, deixando os bancos em situação complicada, no que se refere à captação.

O Governo então decidiu criar essa nova regra em que a já tradicional remuneração da poupança (0,5% a.m. + TR) só seria válida quando a Selic estivesse em patamar superior a 8,5%. Quando a Selic estivesse igual ou menor que 8,5% a rentabilidade passaria a ser 70% da Selic + TR.

Fonte: O Povo