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Publicado em: 27/02/2015

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PRESIDENTE DO IDV AFIRMA - 'Só é pessimista quem tem olhos no curto prazo'

Empresariado acredita que o crescimento do varejo, neste ano, irá se manter superior ao do Produto Interno Bruto

Neste ano de ajustes fiscais, de eventuais altas de inflação e previsões de estagnação ou até retração da economia brasileira, irá se sobressair o varejista que não se apavorar com as perspectivas negativas do momento. Apesar da expansão obtida pelo setor, de apenas 2,2% em 2014, - pior resultado desde 2003, - "só pode ser pessimista quem tiver os olhos no curto prazo", afirma Flávio Rocha, presidente da Riachuelo e do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV).

"A nossa empresa, por exemplo, está no maior programa de expansão de toda a sua história. Nós vamos investir nesses cinco anos mais do que nós investimos em 68 anos", ressalta o executivo, que foi um dos palestrantes do "Cenários do Varejo 2015". O evento ocorreu na Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza durante o dia de ontem e teve início na quarta-feira (25).

Crescimento

O presidente do IDV avalia que, embora seja difícil precisar qual será a expansão do setor neste ano, em termos percentuais, o crescimento do varejo irá se manter superior ao do Produto Interno Bruto (PIB), tendência que talvez se mantenha por até uma década, segundo ele.

Na opinião do empresário, o varejo está deixando de ser coadjuvante para ser protagonista da cadeia de suprimentos no Brasil, que sempre foi impulsionada, principalmente, pelo setor produtivo. Flávio Rocha ressalta também que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 40% nos últimos 10 anos, enquanto o setor varejista teve expansão de 120%, em meio ao aumento do poder de compra dos brasileiros e ao grau de formalização, que cresceu 18 pontos percentuais, neste período.

"Há um processo que é saudável também, de consolidação, de ganho de market share. As empresas mais competitivas, mais eficientes, elas vão ganhando espaço. Dentro dessa média de 120%, há empresas que cresceram 1.000% ", acrescenta.

Riachuelo

"O mercado brasileiro é um mercado de 10 bilhões de peças por ano. A nossa empresa, que é a maior de moda do Brasil, vendeu no ano passado 170 milhões de peças de roupa, 1,7% do total" destaca Flávio Rocha.

Durante o ano de 2015, a Riachuelo irá aplicar R$ 600 milhões em produção, distribuição e abertura de lojas. No total, durante os próximos quatro anos, o investimento da empresa será de R$ 2 bilhões, com o objetivo de duplicar a área de vendas de 500 mil m² para 1 milhão de m².

A empresa possui sete lojas em Fortaleza e irá inaugurar mais uma, neste ano, no North Shopping Maracanaú, com investimento para abertura do estabelecimento que gira em torno de R$ 8 milhões.

Cenário desafiador também é oportunidade para crescer

O segmento de farmácias foi o único do varejo que não apresentou desaceleração nos últimos três anos, devendo continuar em destaque neste ano, aponta o consultor especializado em varejo, consumo e distribuição, Alberto Serrentino. O fundador da Verese Retail também foi um dos palestrantes do evento "Cenários do Varejo 2015".

"Esse setor vive um momento muito feliz. A melhora na renda faz as pessoas gastarem mais com remédios. A maior penetração de planos de saúde faz as pessoas também consumirem mais medicamentos. E o envelhecimento da população leva uma parcela das pessoas a terem gastos crescentes com isso também", explica o consultor.

Cosméticos

Serrentino também destaca que a experiência que a farmácia tem com produtos de beleza é mais envolvente para o consumidor do que a dos supermercados. "Você pode dar um atendimento mais pessoal, você tem uma possibilidade de promotores especializados que fazem venda consultiva". O consultor destaca que embora as empresas do setor precisem ter cuidado em otimizar os seus gastos neste ano, a recomendação é não desprezar o olhar para o mercado e para as oportunidades.

Longo prazo

"Cenários como os que nós estamos vivendo, desafiadores, são exatamente nos quais as empresas bem posicionadas, com visão de longo prazo e com boa gestão crescem, ganham espaços em cima das outras. Elas não se apavoram com o mercado mais difícil, fazem ajustes e seguem no trilho, não ficam presas no cenário do imediatismo", afirma.

Entrevista com Severino Ramalho Neto, Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza

Varejo cearense deve continuar expandindo acima da média nacional

O varejo cearense vem crescendo acima da média nacional. Essa tendência deve se manter neste ano?

Sim. O varejo nacional está em um ritmo menor de crescimento, mas continua crescendo. No ano de 2014, o nosso varejo cresceu quase três vezes em comparação com o nacional. Para o cenário nacional está sendo previsto um pouco de desaceleração, porém continua a expansão. Não tem razão para não continuarmos crescendo mais do que o varejo nacional, assim como foi feito dos outros anos

Qual deve ser o percentual de crescimento do comércio varejista do Ceará em 2015?

Como o cearense cresceu duas vezes e meia em relação ao nacional, eu continuo acreditando que vai continuar nessa faixa do dobro do Brasil.

Tem algum segmento do varejo que deve se destacar neste ano?

Fica difícil de nós falarmos algo específico, mas tudo hoje que estiver ligado a turismo em Fortaleza tende a crescer mais que outros setores. A Capital se posiciona cada vez mais como uma cidade turística e dentro dessa linha existe uma tendência de expansão maior para as lojas que estiverem ligadas a esse segmento.

Que tipo de lojas?

Desde lojas de serviço às lojas que estiverem ligadas a isso. Lojas de conveniência e toda e qualquer empresa que estiver voltada para o mercado de executivos, que é um novo segmento do turismo que está se expandindo, com o Centro de Eventos. Nós tivemos agora um Carnaval fantástico. Isso movimenta o varejo, os supermercados, a venda de fantasias. O turismo é muito abrangente. É muito bacana que nós tenhamos conseguido esse posto, mas Fortaleza é o ano inteiro uma cidade turística.

 

Repórter: Murilo Viana

Fonte: Jornal Diário do Nordeste