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Publicado em: 06/04/2020

Na Mídia | Opinião de Michel Gradvohl é destaque no portal O Povo nesta segunda (6)

O artigo de opinião do Auditor Fiscal associado Michel Gradvohl foi destaque, nesta segunda (6), no portal de notícias do jornal O Povo, por meio da coluna do jornalista Eliomar de Lima. Com o título "Governar como adulto, com espírito de criança", Gradvohl faz uma análise acerca do tipo de liderança necessária para se enfrentar uma crise como a provocada pela pandemia do Covid-19, sem precedentes na história contemporânea. 

"Serão muitos os sacrifícios, inclusive com a morte de entes queridos para grande parte de nós. E o que virá depois?", aponta.

Leia a íntegra:  https://mais.opovo.com.br/colunistas/eliomardelima/2020/02/14/artigo----e-oscar-de-parasita-dos-recursos-publicos-vai-para.html

 

Artigo - Governar como adulto, com espírito de criança

"Serão muitos os sacrifícios, inclusive com a morte de entes queridos para grande parte de nós. E o que virá depois?", aponta em artigo o advogado, escritor e engenheiro civil Michel Gradvohl

Tempos difíceis demandam grandes lideranças. São nesses momentos em que se consegue distinguir, segundo a máxima popular, os meninos dos homens – prefiro a expressão as crianças dos adultos.

Precisamos de líderes adultos. Que nos guiem no caminho correto, tenham a coragem de tomar decisões difíceis e impopulares e consigam agregar as pessoas em torno de um propósito. São dispensáveis os governantes com comportamento birrento, inconsequente ou que somente pensem na próxima eleição.

O que precisamos nesse momento é de união, diálogo e perseverança. Serão muitos os sacrifícios, inclusive com a morte de entes queridos para grande parte de nós. E o que virá depois?

Depois virá a reconstrução das vidas, das empresas, das finanças públicas. E por que deixar isso para mais tarde? Porque o vírus possui razoável nível de letalidade além de ser altamente contagioso, dizem alguns. Outros afirmam que não é necessário parar a atividade econômica para combater tal doença e seus efeitos.

Mas serão “apenas” de três a cinco mil óbitos, afirmam os últimos. Muito menos que as anuais cinquenta e sete mil mortes por armas e menor que os cinco mil óbitos por desnutrição, complementam.

Ora, numa guerra entre seres humanos mobiliza-se um pelotão inteiro para salvar uma vida. E não estamos numa guerra? Não é razoável mobilizar a todos para combatê-lo?

Não sei qual a melhor decisão. Não sou médico, nem economista. Mas entendo que muitos estão morrendo na Ásia, Europa e EUA e que, no Brasil, o sistema de saúde não está preparado para ter tanta gente precisando de cuidados médicos ao mesmo tempo.

A Europa demorou para decretar o isolamento social. Nova York também. O resultado? Nós estamos assistindo: muitas mortes. Mais do que na Ásia, que apresenta uma população maior. O Brasil, que tem um comportamento mais próximo ao do europeu e do americano que do asiático deve imitar esse procedimento?

Seja qual for o caminho a trilhar, ele será difícil e longo e exigirá grandes lideranças. Trará mudanças em nosso comportamento. Ninguém sai de uma guerra da mesma forma que entrou.

Reuniões virtuais e home office se consolidarão. Assim como formas de consumo e de realizar negócios entre empresas devem mudar substancialmente.

E nós, mudaremos? Seremos mais humanos, mais empáticos, mais solidários? Seremos consumidores mais responsáveis? Ouviremos os gritos de um planeta e uma sociedade doentes?

Por que 57 mil assassinatos anuais não mobilizam tanto quanto cinco mil mortes por vírus? Será devido a esses crimes já terem se tornado comuns ou em razão de a elite social, econômica e política acreditar que os assassinatos não o alcançarão – ao contrário do que acontece com o COVID-19?

Precisamos de líderes que olhem para todos em qualquer circunstância. De governantes adultos. Ou deveriam ser governantes com espírito de criança – altruístas, solidários, despretensiosos?

Michel Gradvohl

Graduado em Engenharia Civil e Direito, com MBA em Gestão Empresarial, especialista em Direito Constitucional e Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais. É auditor fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará, conselheiro do Contencioso Administrativo Tributário do Estado do Ceará e professor. Autor do livro Direito Constitucional Financeiro: direitos fundamentais e orçamento público

 

Fonte: Coluna Eliomar de Lima | O Povo