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Publicado em: 03/06/2014

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SEMINOVOS GANHAM MERCADO - Hora de garimpar ofertas em veículos novos

Feirões e promoções são estratégia para driblar a queda de vendas no setor durante o primeiro semestre

As políticas de incentivo ao consumo aplicadas nos últimos meses pelo governo puseram o mercado de automóveis novos e o de usados em posições opostas no primeiro semestre de 2014, pelo que contam os presidentes da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores no Ceará (Fenabrave-CE), Fernando Ponte, e do Sindicato dos Revendedores de Veículos Automotores do Ceará (Sindivel-CE), Everton Fernandes.

Os números das duas entidades apontam que, enquanto a primeira acumula uma queda de 6% no número de veículos vendidos e busca a manutenção do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para equilibrar o caixa até o fim do ano, a outra contabiliza o mesmo percentual, só que para cima, e deve aumentar ainda mais a média até dezembro.

"O primeiro semestre desse ano não foi bom e ele não acompanhou o ritmo dos anos anteriores. A tendência natural e histórica era que o setor emplacava entre 6 mil e 6,5 mil carros e, hoje, estamos aí emplacando em torno de 4,5 mil ao mês", lamentou Ponte.

Como principal motivo desse freio nas vendas, o presidente da Fenabrave-CE apontou para o arrefecimento da economia devido aos muitos feriados e as condições de endividamento, o que, para ele, causou retração no comércio e também nas instituições bancárias.

Já para o Sindivel-CE, o ritmo aumentou nos últimos cinco meses com a comercialização mensal média de 17,5 mil veículos seminovos no Ceará. "Mas não é interessante que o mercado de novos esteja em queda e nós em crescimento. Até porque ano passado a gente caiu muito, por isso tivemos espaço para crescer", considerou Fernandes.

Pressão sobre IPI

Para o segundo semestre, os dois despejam, sobre possíveis mudanças no IPI, as expectativas de aumentar os indicadores positivos dos respectivos negócios.

"Se não for mantida a alíquota do IPI, a tendência é de seis meses de dureza", atesta de imediato o presidente da Fenabrave-CE, ao mesmo tempo em que declara: "Acredito que o governo federal, na pior das hipóteses, mantenha o IPI no patamar em que está hoje".

De acordo com Ponte, existe a possibilidade concreta de a alíquota ser zerada até o fim do ano a partir das pressões das montadoras de veículos junto ao Ministério da Fazenda.

"A gente é favorável à redução do IPI, mas não como ela é feita pelo governo: aplicada emergencialmente, reduz para não sacrificar emprego. Queremos que seja um aumento definitivo, de médio e longo prazo, que acabe ondulações e promova um crescimento retilíneo e constante", ponderou o presidente do Sindivel-CE - setor que mais sofre com a facilidade de vendas dos carros novos.

Ainda como estratégia de equilibrar o caixa neste ano, o presidente da Fenabrave-CE que o segmento fará "mais promoções e mais feirões" no segundo semestre, com ou sem alteração do IPI para os automóveis.

'Tributação precisa mudar'

Para resolver e empregar esta estabilidade de crescimento defendida pelos dois presidentes, ambos apontam para uma reforma necessária na política tributária brasileira. O principal argumento é a elasticidade do mercado, que responde muito forte aos incentivos.

"Então, todo incentivo ou penalidade vai influenciar bem mais que a força aplicada. Quando o governo age, a gente tem picos altos e depois baixos, e o que a gente quer é que as interferências sejam políticas de longo prazo e não paliativas", finaliza Fernandes.

 

Repórter: Armando de Oliveira Lima

Fonte: Jornal Diário do Nordeste