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Publicado em: 30/01/2015

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SEM A PREMIUM II - Studart: CE terá que ter novo pilar econômico

Para o presidente da Fiec, não foi só a perda da refinaria, mas término do sonho de um polo petroquímico

O Ceará não perdeu apenas uma refinaria de petróleo, mas suplantou o sonho de criação futura de um polo petroquímico, o sonho de duplicação de seu Produto Interno Bruto (PIB) e de expansão de sua economia, perdeu a oportunidade de gerar empregos para milhares de pessoas, a partir da possibilidade de implantação de novos negócios, novas empresas satélites à indústria de base, que se instalaria no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), em São Gonçalo do Amarante.

A avaliação é do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Beto Studart, para quem "a desistência da Petrobras em implantar a refinaria foi uma grande decepção, a revelação de uma mentira política, que traiu, que garfou a boa vontade do povo cearense e enganou seus governantes".

"O que vimos hoje é o povo cearense triste, decepcionado, o governo do Estado, muito triste, porque investiu milhões, o fim do sonho de uma educação que poderia ser dinamizada a partir da refinaria e da criação de um polo petroquímico, que não vem mais", destacou Studart. Para ele, o fim desses empreendimentos está sacramentado.

"É prego batido e ponta virada", declarou, utilizando uma expressão popular.

Começar de novo

Para Studart, o Ceará terá agora, que buscar novos negócios, novos pilares, ainda que distantes do potencial econômico de uma indústria de base, mas que sejam capazes de atrair novos investidores e impulsionar a economia do Estado. "A Fiec vai buscar atrair novos investimentos, atrair novos investidores", antecipou, descartando a possibilidade de empreendimentos na área de refino de petróleo.

"Não acredito em interesse, agora, nessa área, porque esse negócio de refinaria, com o preço do barril a menos de US$ 50, no cenário internacional, muda totalmente o humor de investimentos nesta área", explicou. "Para nós, (o Ceará) que já tínhamos projetos, investimentos e planejamentos nesse setor, é uma coisa, mas atrair novos investidores mundo afora, acho extremamente difícil", analisa.

Energias

Questionado sobre em que áreas o Estado deve apostar a partir de agora, ele sinalizou com a indústria de energias renováveis, - eólica (dos ventos) e fotovoltaicas (solar), como indutoras à economia do Estado. "A energia pode ser uma alternativa. O Ceará está pronto para produzir, tanto no segmento da energia eólica, quanto na fotovoltaica, Está todo mundo pronto, os empresários estão loucos para investir", declarou o líder classista.

Ele ressalta, no entanto, que há entraves ambientais que precisam ser equacionados, para que os projetos de geração energética ganhem maior celeridade. "Esse é o momento de buscarmos uma saída, vários investimentos que possam compensar, em parte, o que se perdeu", diz.

"O setor industrial pode ajudar, mas a força é governamental", adverte. Beto Studart disse que não cabe à Fiec promover ação alguma na tentativa de reverter a decisão da Petrobras.

CSP é saída para alavancar o PIB

Aguardada, entre outros motivos, pelo potencial para atrair uma cadeia produtiva para o Estado, a refinaria Premium II ajudaria no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) cearense, aumentando a nossa participação no montante nacional, que é de pouco mais de 2%, atualmente. Após o cancelamento do projeto, entretanto, ainda existem possibilidades de acelerar o crescimento do Estado, aproveitando ainda mais as oportunidades geradas pela Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), segundo avalia o coordenador de Contas Regionais do Instituto de Pesquisa e Estratégica Econômica do Ceará (Ipece), Nicolino Trompieri Neto.

"A siderúrgica é outra grande obra de infraestrutura, também tem capacidade de formar cadeias. A política agora seria tentar atrair novas empresas que se beneficiem da siderurgia, formando um polo metal mecânico", analisa Neto.

Geração de cadeia

Esperava-se muito da refinaria que deveria trazer diversas empresas de maior valor agregado, acrescenta o especialista do Ipece, mas a siderúrgica também tem potencial para alavancar a economia do Estado.

"Por si só, a siderúrgica tem impacto um pouco menor, mas o fato de ela gerar uma cadeia grande pode compensar e até gerar mais produção do que a refinaria iria conseguir", compara. A tendência é que, a partir do momento que comece a operar, a CSP atraia empresas para aquela região, fortalecendo a cadeia produtiva do setor.

Obras avançadas

Na semana passada, foi iniciada a construção do Alto-Forno nº 1, estrutura considerada uma das mais importantes da CSP. Com investimento de R$ 4,8 bilhões, a companhia deve começar a operar em 2016.

Carlos Eugênio - Repórter

Fonte: Diário do Nordeste