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Publicado em: 23/06/2014

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MUDANÇAS - PIB fraco faz governo valorizar área social

O novo discurso foi recomendado pelo ex-presidente Lula. A explicação para a mudança de estratégia está no crescimento pífio da economia, na inflação em constante alta e nas contas fechadas à base de manobras fiscais

A sequência de más notícias na área econômica do Governo Federal provocou uma mudança no discurso oficial de toda a equipe ministerial da presidente Dilma Rousseff. Agora, em vez do aspecto econômico, o governo passará a valorizar o setor social.

A explicação para a mudança está no crescimento pífio da economia, na inflação persistentemente alta e nas contas fechadas à base de manobras fiscais. Diante disto, o Planalto determinou que fossem valorizados aspectos que foram trunfo eleitoral do Partido dos Trabalhadores (PT) nas últimas eleições, como os avanços na distribuição de renda e no bem-estar do brasileiro, em detrimento de projeções de índices econômicos.

A recomendação veio do ex-presidente Lula, que, em reunião recente, orientou a sucessora, Dilma, a “não cair na armadilha de discutir crescimento” e índices econômicos com os adversários, num claro sinal de que o assunto é incômodo.

No lugar do Produto Interno Bruto (PIB), Lula sugeriu à Dilma dar ênfase ao emprego e à renda, da mesma forma como o partido discursava anteriormente.

Novo discurso

Para doutrinar o alto escalão com essa linha de defesa, o governo escalou um dos seus especialistas: o ministro Marcelo Neri, da Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Há pouco mais de um mês, coube a Neri instruir todos os ministros de Dilma com dados sobre a redução da extrema pobreza, o crescimento da renda, a queda na desigualdade e até indicadores subjetivos, como o nível de felicidade do povo.

A valorização de aspectos sociais se dá desde os primeiros momentos do governo, pelo fato de que eles são o fim de toda política econômica, diz o ministro. “A macroeconomia é a defesa, e o social, o ataque.”

Segundo ele, há um descolamento claro entre indicadores econômicos e sociais. O PIB e a renda dos mais pobres, por exemplo. Esta cresceu cinco vezes mais do que aquele, afirma Neri.

Um dos indicadores preferidos da presidente é o que dimensiona o índice de bem-estar social, que foi criado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O cálculo do indicador é feito por meio da multiplicação da renda per capita pela renda dos 20% mais pobres dividida pela renda dos 20% mais ricos.

Segundo o Governo Federal, a variação anual da renda cresceu em média 3,5% desde 2005. Mas a previsão de crescimento da economia para este ano, segundo o que aponta o mercado, é de 1,2%.

Enquanto o governo projeta crescimento de 2,3% para 2014, o crescimento médio do PIB sob Dilma é de 2%.

No entanto, o problema é que os dados avalizados pelo Planalto, retirados da Pnad 2012 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE), omitem que há uma interrupção, a partir daquele ano, da queda da desigualdade.

Portanto, é fato que a remuneração dos mais ricos cresceu num ritmo superior à dos mais pobres. (com Folhapress)

NÚMEROS

1,2% é a previsão de crescimento da economia brasileira para este ano

2% é o crescimento médio do Produto Interno Bruto no governo Dilma

3,5% foi o crescimento da variação anual da renda segundo o Governo

 

Fonte: Jornal O Povo