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Publicado em: 06/03/2015

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MERCADO -Dólar passa de R$ 3 pela primeira vez desde agosto de 2004

O dólar comercial teve a quarta alta seguida, fechando em alta de 1,03%. Em quatro dias a valorização da moeda norte-americana é de 5,44%

O dólar fechou ontem acima de R$ 3, pressionado por incertezas sobre o ajuste fiscal prometido pelo Governo e por apostas de que Banco Central possa interromper, no final do mês, seus leilões diários de contratos de swap cambial (equivalentes a uma venda futura de dólares). Na quarta-feira, a moeda atingiu esse valor ao longo do dia, mas a cotação cedeu um pouco no fechamento.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu ontem 0,86%, para R$ 3,004, na quarta alta desta semana. É o maior nível desde 16 de agosto de 2004, quando a moeda encerrou a R$ 3,014. Na semana, a valorização já é de 5,26%.

O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, fechou em alta de 1,04%, a R$ 3,011, também pela quarta sessão seguida. O valor é o maior desde agosto de 2004, uma sexta-feira, quando a moeda fechou a R$ 3,021. Na semana, o dólar comercial acumula alta de 5,43%.

A instabilidade no cenário político e a perspectiva de rebaixamento da nota do Brasil por agências de classificação de risco continuam a afugentar investidores externos, afirmam analistas. E, com a perspectiva de menor entrada de dólares, o preço da moeda sobe em relação ao real.

“Há um time de agência de classificação de risco no Brasil (Standard & Poor´s já desembarcou e Fitch está a caminho) reavaliando da nota do país. Ao mesmo tempo, o ministro da Fazenda tenta fazer o ajuste fiscal, mas a cena política não deixa”, ressalta Fabiano Rufato, gerente-sênior da mesa de câmbio da corretora Western Union.

O ajuste fiscal é um dos pontos mais sensíveis no momento, após o Congresso devolver a medida provisória que aumentava tributos pagos por empresas de vários setores, apresentada pelo governo no fim da semana passada.

Em relatório, Marco Aurélio Barbosa, analista da CM Capital Markets, afirmou que a equipe econômica poderia realizar um ajuste fiscal de R$ 87 bilhões sem “passar pelo Congresso”, pois 78% dos R$ 111 bilhões pretendidos cabem ao Executivo. “Todavia, esses nada desprezíveis R$ 24 bilhões, caso não sejam aprovados, podem ser decisivos para que a nota de crédito do Brasil seja rebaixada”, diz.

O valor é necessário para o Governo atingir a meta de superavit primário, a economia feita para pagar juros da dívida pública, de 1,2% do Produto Interno Bruto neste ano.

Juro básico

O aumento do juro básico (taxa Selic) foi praticamente desconsiderado pelo mercado. Com a alta de juros, o Governo tenta controlar a inflação e, ao mesmo tempo, capturar mais investidores estrangeiros em busca de uma remuneração mais alta. O aumento dos juros, em tese, deixa os títulos brasileiros, remunerados pela taxa, mais atraentes.

Além da preocupação com o ajuste fiscal, a possibilidade de o Banco Central interromper suas atuações diárias no mercado faz com que os investidores testem novos patamares para a moeda.

Desde segunda, o BC tem feito leilões de rolagem com volume menor que o habitual, o que leva analistas a acreditar que serão renovados apenas 80% do total de US$ 9,96 bilhões. Ontem, o BC vendeu 2.000 contratos. Foram vendidos 1.700 contratos para dezembro de 2015 e 300 para fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98,3 milhões. (Folhapress)

Fonte: O Povo