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Publicado em: 15/11/2016

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MEMORANDO ASSINADO CE: chinesa deve aplicar US$ 4 bi em refinaria

Empreendimento pode gerar 10 mil empregos ainda na fase de implantação e 8 mil quando iniciar operação

O memorando de entendimento para a realização de estudos para a instalação de uma refinaria dentro da área da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, acordado ontem entre o governador Camilo Santana e representantes da empresa chinesa Guangdong Zhenrong Energy, deve render ao Estado, caso os indicadores se mostrem propícios, um investimento de US$ 4 bilhões e a geração de aproximadamente 10 mil empregos durante a construção do empreendimento e mais oito mil postos, entre diretos e indiretos, durante a operação plena, segundo estimou o governo cearense.

A planta de refino visada pelo governador deve produzir, diariamente, um número de 300 mil barris de petróleo e, de olho nisso, a também chinesa Qingdao Xinyutian Petroquímical participou da cerimônia que selou o memorando, realizada ontem na província de Guangzhou.

"Esse é um passo importante para viabilizarmos a refinaria em nosso Estado. O empreendimento, que estará dentro da nossa Zona de Processamento de Exportação, deverá gerar pelo menos 10 mil empregos na fase de construção e 8 mil postos permanentes entre diretos e indiretos", reforçou o governador Camilo Santana, que foi a China acompanhado dos secretários Antônio Balhmann (Assuntos Internacionais) e André Facó (Infraestrutura). 

Os recursos para financiar o projeto, ainda de acordo com as informações do governo cearense, devem ter origem em bancos chineses. O comunicado do governo ainda informa que memorando assinado ontem deve-se ao acordo fechado pelo governo brasileiro e o chinês no início deste ano - ainda quando a ex-presidente Dilma Rousseff comandava o Executivo.

Empreitada

A busca por uma refinaria para o Ceará data mais de uma década e busca ainda sanar uma demanda interna antiga por uma planta de refino que atenda, a partir de uma localização estratégica, os mercados do Norte e do Nordeste do País. No entanto, na história mais recente, o Estado amargou perdas.

Já no ano passado, a estatal petroleira anunciou o plano de desinvestimento e, após anos de atraso no cronograma de instalação da refinaria Premium II, na área prevista para o primeiro projeto, decretou que não tinha mais interesse em dar andamento ao projeto de instalação de uma planta de refino no Ceará.

A partir daí, o governo cearense empregou uma nova empreitada para captar um novo parceiro comercial que viabilizasse economicamente a instalação de uma indústria do tipo no Estado. Entre idas e vindas, a parceria entre os governos brasileiro e chinês aproximou players asiáticos de atuação internacional do setor de petróleo e gás do Executivo cearense e parece caminhar para a finalização do negócio. "A China, hoje, tem muito interesse em investir no País, em especial no Ceará. Os chineses estão impressionados com o nosso Estado, pela estrutura que disponibilizamos, a localização e, principalmente, por conta da Zona de Processamento de Exportação. Isso abre muitas perspectivas de novos negócios para o Estado", ressalta o governador em nota, ao comemorar a assinatura do termo na China.

Prudência

Perguntado sobre a multinacional de petróleo Guangdong Zhenrong Energy - com a qual o governo cearense assinou o memorando de entendimento -, o consultor do mercado de petróleo e gás Bruno Iughetti disse ser a empresa "uma ilustre desconhecida do mercado internacional" e aconselhou prudência ao governo cearense na captação deste empreendimento.

"É importante que o governo cearense tenha o portfólio dela, com informações detalhadas sobre onde atuou, com que tipo de negócio, entre outros", detalhou o especialista.

Iughetti ainda alertou para outros fatores que devem interferir diretamente na dinâmica da planta de refino no Ceará, como os insumos. De acordo com ele, "uma empresa que planeja produzir 300 mil barris de petróleo por dia ou vai importar insumo - o que seria ruim para a nossa balança comercial - ou possui tecnologia capaz de explorar o pré-sal, o que é bastante difícil".

Exportação ou importação

"Acho que o projeto de uma refinaria aqui no Ceará tem que levar em consideração atender nosso mercado interno, nas regiões Norte e Nordeste, livrando o Ceará de desabastecimento", reforça o consultor, observando que "a instalação da refinaria na Zona de Processamento de Exportação deixa implícito nas entrelinhas que o interesse da empresa é exportar a produção".

Isso porque a ZPE do Ceará possui legislação que facilita a venda da produção para fora do Brasil a partir de benefícios fiscais. Segundo analisa, "é preciso refino aqui no Brasil, pois no mercado internacional existe um movimento refratário à compra de derivados prontos, devido às recessões econômicas do mercado europeu e americano".

Investidora é especializada em energia

Guangdong Zhenrong Energy Co., Ltd. (GDZR) foi fundada em 2002 e é especializada em comércio e investimento de energia e recursos naturais, concentrando-se em commodities como metal, carvão e produtos químicos. Zhuhai Zhenrong Company, o maior acionista da GDZR, é uma empresa de propriedade estatal em grande escala e uma das 5 maiores empresas de comércio de petróleo e produtos petrolíferos registrados na OMC. Nos últimos anos, a GDZR comprometeu-se a investir no sector da energia, que inclui, em grande parte, refinaria.

Um destes projetos foi uma planta de refino em Myanmar, também na Ásia. Um memorando foi assinado entre a companhia e representantes do governo em 2011. A GDZR diz esperar que o projeto esteja em pleno funcionamento em poucos anos. Suas instalações de apoio, incluindo pipelines, instalações de enchimento de gás e zona industrial química estão sob planejamento.

Fonte: Diário do Nordeste