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Publicado em: 07/11/2014

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MANUTENÇÃO - BNDES projeta investir R$ 25 bilhões na Região

O montante destinado ao Nordeste representa aproximadamente 14% do total aplicado pela instituição no País

O chefe do Departamento Regional Nordeste do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), Paulo Ferraz Guimarães, reforçou ontem, durante o XX Fórum Banco do Nordeste de Desenvolvimentos, a importância da atuação dos bancos públicos para o crescimento regional. O investimento destinado à região pelo banco, que em 2002 foi de R$ 5 bilhões, passou a ser de R$ 25 bilhões em 2013, correspondendo a 14% do total aplicado pela instituição financeira no País.

O BNDES, inclusive, tem como expectativa para 2014 e 2015 manter o mesmo patamar de investimentos aplicados em 2013. "O nosso desafio nos últimos anos foi exatamente aumentar a participação do desembolso do banco na região. De 2007 até 2012, tínhamos um desembolso na casa de 8,5%, chegando a 14% em 2013. Ultrapassar essa barreira certamente é interessante", afirmou Paulo Ferraz.

Oportunidades de crédito

Um dos pontos ressaltados pelo representante do BNDES foi o aumento de oportunidades mais pulverizadas de crédito, destinadas ao financiamento de novas micro e pequenas empresas na região nos últimos dez anos. De 2002 à 2013, o número de operações de microcrédito registradas pelo BNDES cresceu mais de dez vezes, passando de cerca de 14 mil para mais de 141 mil, no ano passado. A expectativa é que o número continue neste mesmo patamar durante o ano de 2014.

Além das micro e pequenas empresas, o BNDES contribuiu para a atração de novos projetos de grande porte, como as refinarias de petróleo e as siderúrgicas que estão sendo implantadas em Pernambuco e no Ceará, por exemplo. "O BNDES trouxe para a região, com sua capacidade financeira, diversas cadeias financeiras que não existiam. Hoje você tem um conjunto de empreendimentos na área de petróleo e gás, geração de energia eólica e automobilismo, além de siderurgias e estaleiro, que antes só víamos na Bahia. Essas oportunidades trazem toda uma cadeia de fornecedores, de insumo e de matérias-primas", diz Ferraz.

Diversidade

Paulo Ferraz também ressaltou a importância da economia do Nordeste para o País. Segundo ele, uma das características mais importantes é a variedade das linhas produtivas encontradas nos estados da região. "O tecido produtivo na é muito diversificado, indo além das linhas produtivas tradicionais, como o turismo, e que conta com a presença de novos empreendimentos".

NE precisa focar em infraestrutura

"O Nordeste hoje tem mais condição do que teve no passado, houve mudanças nessa fase recente, nós trouxemos alguns investimentos novos então temos hoje atividades econômicas que não existiam na Região, mas continuam desafios muito importantes. A gente continua tendo que investir em infraestrutura, o que é uma das desvantagens competitivas do Nordeste, e precisamos continuar investindo em gente". A avaliação é de estudo da professora da Universidade Federal de Pernambuco e consultora da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan), Tânia Bacelar. Uma das maiores referências em economia no Nordeste, ela participou do primeiro painel do XX Fórum Banco do Nordeste de Desenvolvimento, que pôs em pauta temas importantes e estratégias relacionadas ao desenvolvimento do País e da região Nordeste.

Para Bacelar, os investimentos na Região precisam se voltar mais para a melhoria da escolaridade média local, ainda abaixo da média nacional e para a infraestrutura nas áreas que têm recebido menos atenção nos últimos anos. Um dos pontos discutidos durante o Painel no BNB foi a dinamização da economia regional, que tem visto setores mais tradicionais perderem espaço para a indústria, de construção e serviços, por exemplo.

"A indústria do açúcar está perdendo força porque a população está deixando de consumir açúcar e etanol porque, hoje, é produzido, no Brasil, no Oeste de São Paulo, Goiás e Mato Grosso. São terras planas e novas, e com indústrias novas, então a produtividade é muito maior tanto na agricultura quanto na indústria lá embaixo, se comparada com as daqui. O que está acontecendo é que os nossos empresários estão indo para lá. Tem que se fazer uma discussão sobre que caminho vamos seguir".

Estudos

A consultora da Ceplan lembrou também que ainda não existem muitas iniciativas e estudos, por parte das universidades que sejam voltadas ao mercado nacional. Segundo a especialista, o sistema de avaliação dos programas de pós-graduação não favorece esse tipo de trabalho.

Fonte: Diário do Nordeste