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Publicado em: 28/05/2014

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IMPOSTOS FEDERAIS - No que deram as desonerações federais

Dois anos e meio depois do lançamento do Plano Brasil Maior, efeito sobre empregos, inflação e crescimento econômico é tímido. Já o impacto na venda de veículos e linha branca foi expressivo, mas pontual

Dois anos após a implantação de desonerações de impostos para setores da indústria e do varejo, os efeitos nos índices de inflação são tímidos. Em 2011, a inflação em Fortaleza, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 6,45%, passando para 6,7% e 6,38% nos anos seguintes. No Brasil, o índice passou de 6,5% (2011) para 5,91% em 2013. Já no acumulado de janeiro a abril deste ano, a inflação nacional foi de 2,86%, ante os 2,5% registrados no mesmo período de 2013.

A desoneração do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para os produtos da linha branca alavancou fortemente as vendas do varejo quando implantada. No entanto, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL Fortaleza), Freitas Cordeiro, diz que as vendas do setor já não crescem mais na mesma escala.

“O esforço do Governo para estimular o consumo foi bom naquele momento. Mas os juros que eram bem atrativos já começaram a subir, assim como a inadimplência. (...) Ao meu ver, aquelas medidas foram pontuais e não podiam ser encaradas como medidas de sustentação. E nós ainda vamos começar a pagar a conta das desonerações”.

Em 2013, o Governo Federal também reduziu impostos sobre os produtos da cesta básica e sobre as tarifas de energia elétrica para conter o avanço inflacionário. Apesar da desoneração da cesta, em abril o preço dos produtos alimentícios essenciais subiu em 17 das 18 capitais analisadas. Em Fortaleza, o preço da cesta básica subiu 0,70% no mês, acima da inflação nacional (0,67%), de acordo com a pesquisa mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Indústria automotiva

Para o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores do Ceará (Fenabrave–CE), Fernando Pontes, a desoneração do IPI sobre automóveis beneficiou todo o setor, mas hoje, com o retorno gradual das alíquotas, as vendas de carros novos começaram a cair. “O setor cresceu demais desde então. Mas não é só o IPI que pesa, tem uma série de outros impostos que, em cadeia, vem atingido o negócio”.

A expectativa é de que em junho desde ano, as alíquotas retornem aos patamares originais. Mas as montadoras estão tentando negociar para que o imposto seja mantido nas taxas atuais. “O mercado de automóveis está parado. Hoje, em Fortaleza, estamos com 10% a menos nas vendas do que no mesmo mês do ano passado”, diz Pontes.

 

Repórter: Bruno Cabral

Fonte: Jornal O Povo