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Publicado em: 03/03/2015

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CRISE - Petrobras quer vender até US$ 13,7 bi em projetos

A Petrobras comunicou que revisou seu plano de desinvestimento, aumentando em US$ 2,7 bi

Para fazer frente à atual dificuldade de caixa, a Petrobras aumentou o valor dos projetos e investimentos dos quais pretende se desfazer neste e no próximo ano. A estatal espera obter US$ 13,7 bilhões (R$ 39 bilhões) com a venda de ativos no Brasil e no exterior, conforme comunicado divulgado ontem.

A cifra representa um aumento de 23% em relação ao teto da meta originalmente traçada --de US$ 11 bilhões (R$ 32 bilhões), valor estabelecido em fevereiro do ano passado no Pano de Negócios e Gestão para os anos de 2014 a 2018. O plano afetou diretamente o Ceará, com a desistência do projeto da Refinaria Premium II.

Segundo a Petrobras, 30% dos recursos devem vir da venda de projetos de exploração e produção, como a venda de parcial ou integral de campos de petróleo e gás. A expectativa é que outros 30% terão origem na área de abastecimento, que inclui refinarias, dutos, terminais e a rede de distribuição de postos de combustíveis. A maior fatia, prevê a estatal, deve ser obtida em empreendimentos de gás e energia, como termelétricas, gasodutos e unidades de produção de fertilizantes.

A Petrobras não listou os projetos que serão colocados à venda. A nova meta foi estabelecida na quinta-feira em reunião da nova diretoria colegiada da companhia. A estatal já fez contato com bancos de investimentos, como apurou a reportagem, para buscar parceiros para comprar uma fatia ou a totalidade dos projetos.

Com restrições maiores em obter crédito sem seu balanço auditado e após a perda do grau de investimento para seus títulos de dívida, a estatal se viu forçada a se desfazer de mais ativos, mesmo campos de produção, cuja avaliação de seu valor é afetado atualmente pela queda do preço do produto no mercado internacional.

No comunicado, a Petrobras afirmou que o aumento da previsão de recursos que poderão ingressar no caixa da com a venda de projetos e empreendimentos faz parte “do planejamento financeiro da companhia que visa à redução da alavancagem e preservação do caixa”.

Em outras palavras, pretende reduzir seu pesado endividamento. A estatal ressalta que pretende ainda se “concentrar nos investimentos prioritários, notadamente de produção de óleo e gás no Brasil em áreas de elevada produtividade e retorno” --nesse caso, a companhia faz referência especialmente aos campos do pré-sal.

A Petrobras tinha dívidas de R$ 332 bilhões no fim de 2014. Em 2012, o primeiro ano sob a direção da ex-presidente Graça Foster, a dívida total da estatal era de R$ 181 bilhões. O indicador que relaciona dívida e patrimônio da companhia subiu de 31% em 2013 para 43% no fim do terceiro trimestre de 2014.

Outro indicador do estrangulamento do caixa é a alavancagem (que relaciona dívida e geração de caixa): era de 2,77 em 2012 e passou para 4,63. Ou seja, a dívida, que já era quase o triplo da capacidade de gerar fundos, subiu para quase o quíntuplo.

Se conseguir êxito na empreitada vender campos num momento de baixo preço, menor rentabilidade e excedente de produção de petróleo, a estatal espera, dizem analistas, conseguir recuperar a chancela de empresa segura para investir --perdida com o rebaixamento da nota de risco para o grau especulativo pela agência Moody’s. (Folhapress)

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Estado pede mais prazo ao MPCE

O Governo do Estado pediu mais 10 dias para entregar a documentação solicitada pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MP-CE) sobre os gastos com o projeto da Refinaria Premium II.

 O órgão informou que o Estado afirmou já ter parte das contas com os gastos da Refinaria Premium II, no entanto, alegou serem muitas secretarias e ainda falta consultar algumas.

O promotor Ricardo Rocha ainda não concedeu o novo prazo. O Governo já havia solicitado 10 dias para entregar as informações.

Conforme revelado pelo O POVO, o Estado gastara, ao menos, R$ 657 milhões para receber o empreendimento. Parte do valor foi destinado a obras de infraestrutura - como acessos ao sítio onde ficaria o equipamento.

Fonte: O Povo