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Publicado em: 07/11/2014

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Ata do Copom desagrada especialistas do mercado financeiro

O conteúdo da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), divulgado ontem, não agradou ao mercado financeiro e ampliou a cautela dos investidores em relação à economia brasileira. Com isso, o dólar atingiu o maior nível em nove anos e o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu quase 2%. De acordo com economistas e analistas de mercado, o documento sinalizou que o recente aumento na taxa básica de juros, a Selic, para 11,25% ao ano foi balizado pela forte desvalorização do real em relação ao dólar.

Entretanto, eles esperavam um aperto monetário mais rígido por parte da autoridade, a fim de controlar a inflação. “Achamos que a ata estava mais ‘dura’ do que antes, mas menos do que a gente esperava”, diz Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, em nota. “Na nossa visão, o Copom ainda não está suficientemente preocupado com o fato de que, após quatro anos consecutivos de inflação acima da meta (de 4,5% com margem de dois pontos para mais ou para menos), a projeção para os próximos dois anos continua sendo de preços acima do alvo”, completou.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 1,53% sobre o real, e fechou cotado a R$ 2,551 na venda. Foi a sexta alta consecutiva da moeda americana, que atingiu seu maior valor desde 20 de abril de 2005, quando estava em R$ 2,564. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, teve alta de 1,86%, para R$ 2,562 – cotação mais alta desde 21 de abril de 2005 –, quando estava em R$ 2,563.

IBOVESPA

Na Bolsa, o Ibovespa, principal índice de ações nacional, encerrou o dia com perda de 1,98%, encerrando o movimento em 52.637 pontos. Foi o segundo dia de queda consecutiva do indicador. “O Banco Central busca retomar sua credibilidade. Para o País crescer, tem que ter mais investimento. Mas juro maior reduz investimento. A autoridade quer resgatar sua imagem de outra forma, mostrando que está vigilante em relação à inflação”, diz Denilson Alencastro, economista da Geral Investimentos.

Para ele, o BC foi duro ao sinalizar que está “especialmente vigilante” ao comportamento dos preços no Brasil”. A retirada de trechos da ata anterior do Copom na versão atual do documento levantou dúvidas de parte dos especialistas sobre o comprometimento do BC com o resgate de sua credibilidade.

As incertezas sobre a composição da equipe econômica do governo para os próximos anos, segundo analistas, também contribuíram para o clima de maior aversão ao risco, entre os investidores, ontem. A principal crítica é em relação à falta de informações suficientes para que sejam geradas projeções econômicas confiáveis. “É igual a andar de bicicleta: quando você para de pedalar, cai. Os agentes econômicos precisam de informações para poder embasar suas expectativas. Precisam de um norte. Não estou falando que o governo tem que tomar essa ou aquela decisão, mas, sim, que ele tem que sinalizar para o mercado para onde pretende caminhar. Concordando ou não, os agentes poderão fazer suas projeções em cima disso”, diz Marcio Cardoso,  da Easynvest.

Na Bolsa, as ações de estatais ajudaram a sustentar a queda do Ibovespa. Os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras perderam 2,36%, a R$ 14,06, enquanto os ordinários (com direito a voto) da Eletrobras recuaram 3%, fechando a R$ 5,82 cada. O setor financeiro, segmento com o maior peso dentro do Ibovespa, também caiu. O Itaú Unibanco perdeu 3,63%, a R$ 35,55, enquanto o Banco do Brasil mostrou desvalorização de 4,23%, a R$ 25,35. Já a ação preferencial do Bradesco teve queda de 2,15%, encerrando o pregão cotado a R$ 35,95. A Vale também viu sua ação preferencial recuar. A baixa foi de 1,93%, para R$ 20,35, na esteira da queda recente nos preços do minério de ferro na China.

Fonte: O Estado do Ceará