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Publicado em: 10/11/2014

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RELAÇÕES COMERCIAIS - CE: áreas como energia e têxtil atraem árabes

Calçados e alimentos também estão como possibilidades de negócios entre o Estado e a Liga Árabe

Organização formada atualmente por 21 países, a Liga Árabe ou Liga dos Estados Árabes busca fortalecer as relações comerciais com o Ceará. No ano passado, o Estado importou desse mercado US$ 44,2 milhões, ao passo que exportou US$ 26,4 milhões. No Brasil, as compras e as vendas para a liga somaram US$ 14 bilhões e US$ 11,4 bilhões, respectivamente, revelam os dados divulgados pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

Neste ano, de janeiro a setembro, o Estado exportou US$ 17,1 milhões para a Liga Árabe. As importações, porém, apresentaram queda, registrando apenas US$ 869 mil em igual período. Considerando todos os estados brasileiros, as vendas de mercadorias totalizaram US$ 9,8 bilhões, enquanto as compras somaram US$ 8,5 bilhões de janeiro a setembro.

A queda no valor das importações de produtos árabes feitas pelo Ceará, em 2014, pode ser explicada pela suspensão das relações comerciais com o Catar, explica o diretor-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby.

"Se, em 2013, o saldo da balança comercial entre o Ceará e a Liga Árabe foi negativo, em 2014, será positivo. O que houve, de um ano para o outro, as importações de gás de petróleo pararam. Deve ter ocorrido, talvez, uma mudança de posicionamento dos fornecedores do produto", acredita.

Oportunidades

Para Alaby, ainda são muitas as possibilidades de exportação e importação entre os dois mercados, algo que poderá ser fortalecido com o seminário "Oportunidades de Negócios e Investimentos entre o Ceará e Países da Liga Árabe", a ser realizado nesta terça-feira (11), na sede da Fiec.

Será a primeira vez, no Estado, que um evento reunirá embaixadores árabes e empresários cearenses para estreitar laços comerciais.

"Vamos entregar para os empresários uma espécie de apostila, com o perfil de cada um dos 21 países e os produtos com potencial para exportação", destaca Alaby, lembrando também das oportunidades de investimentos em solo cearense. "Posso citar a cadeia produtiva de energia eólica, os polos calçadista e têxtil, além do mercado de alimentos", acrescenta o representante da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.

Compradores e vendedores

Em 2013, segundo as estatísticas da entidade, os três países que mais importaram do Ceará foram Emirados Árabes (US$ 7,7 milhões), Líbano (US$ 7,1 milhões) e Arábia Saudita (US$ 5,5 milhões). Os que menos compraram foram Catar (US$ 8 mil), Mauritânia (US$ 18 mil) e Omã (US$ 23 mil).

 

Dos 21 mercados, cinco não mantiveram relações comerciais com o Estado: Comores, Djibouti, Iêmen, Palestina e Somália.

Já os que mais exportaram para o Ceará foram: Catar (US$ 41,9 milhões), Arábia Saudita (US$ 883 mil) e Egito (US$ 684 mil). E os que menos venderam foram Emirados Árabes (US$ 14 mil), Omã (US$ 19 mil) e Tunísia (US$ 146 mil). Argélia, Bahrein, Comores, Djibouti, Iêmen, Iraque, Kuwait, Líbano, Líbia, Mauritânia, Palestina, Somália e Sudão não influenciaram na balança comercial cearense no ano passado.

Produtos

Entre os principais produtos importados pelas empresas cearenses no ano passado das 21 nações que compõem a Liga Árabe estão: vidros flotados; polímeros de etileno; gás de petróleo; fios de algodão; chapas, folhas, películas, tiras e lâminas de plástico; adubos (fertilizantes) minerais ou químicos; preparações e conservas de peixes; pedras de cantaria ou de construção; e aparelhos elétricos.

Na lista das mercadorias exportadas destacam-se: calçados de borracha ou plástico; móveis e partes deles; fogões de cozinha, aquecedores e caldeiras de fornalha; couros preparados após curtimento melões; melancias e mamões frescos; partes e acessórios de automóveis; tecidos de algodão; calçados de borracha ou plástico; crustáceos; frutas e polpas congeladas; cocos, castanha do Brasil e castanha de caju; entre outros.

Seminário expõe oportunidades

O Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e a Câmara de Comércio Árabe Brasileira realizarão o seminário "Oportunidades de Negócios e Investimentos entre o Ceará e Países da Liga Árabe". O evento acontecerá nesta terça-feira (11), na Casa da Indústria, sede da entidade.

O grupo de 21 países que integram a Liga dos Estados Árabes se assemelha, economicamente, à União Europeia, com a diferença de que não passou pela crise econômica de 2008.

O seminário terá a programação composta por palestras sobre as potencialidades do Ceará, oportunidades comerciais com os países árabes, além de informações sobre a cultura de negociação com esses países.

Além da exposição de oportunidades das palestras, as empresas cearenses terão a oportunidade de se reunir com embaixadores dos países árabes presentes no evento, durante a sessão de networking, que tem início previsto para as 13 horas.

Dentre os representantes dos 21 países, as seguintes embaixadas já confirmaram presença no seminário: Palestina, Sudão, Argélia, Omã, Catar, Egito, Líbano, Marrocos, Tunísia, Kuwait, Jordânia, Líbia, Mauritânia, Arábia Saudita, Liga Árabe e Bahrein.

Sobre o grupo

A Liga Árabe foi criada em 1945, na cidade do Cairo, no Egito, com o objetivo de articular e organizar as questões políticas e econômicas de seus países-membros em âmbito internacional. Os países fundadores foram Egito, Síria, Líbano, Jordânia, Iraque, Arábia Saudita e Iêmen.

A principal motivação para a criação do grupo aconteceu por parte da Inglaterra, durante a Segunda Guerra Mundial, para organizar uma frente local de combate à expansão imperialista alemã. Após o fim da guerra, a Liga Árabe se transformou em um órgão de defesa e, recentemente, suspendeu a Síria devido à forma brutal que o governo vêm lidando com os opositores e adversários políticos.

Raone Saraiva - Repórter

Fonte: Diário do Nordeste