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Publicado em: 12/01/2016

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DURANTE GOVERNO FHC - Ex-diretor relata propina de US$ 100 milhões durante governo FHC

Segundo Nestor Cerveró, esse valor foi resultado da compra do conglomerado de energia argentino PeCom pela Petrobras, em 2002. FHC disse que tratam-se de "afirmações vagas" e que "servem apenas para confundir"

O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró afirmou a procuradores, durante a negociação de sua delação premiada assinada em novembro, que a compra do conglomerado de energia argentino PeCom (Pérez Companc) pela estatal brasileira envolveu propina de US$ 100 milhões ao governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). A informação foi revelada na edição desta segunda do jornal Valor Econômico.

Ação pessoal ou corrupção organizada?

O documento em que constam as informações de Cerveró faz parte do material apreendido no gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso há quase dois meses sob acusação de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato. Cerveró, segundo o documento, afirma que soube do fato por meio dos diretores da PeCom e de Oscar Vicente, presidente da empresa argentina na época em que ela foi adquirida pela estatal brasileira, em 2002.

“A venda da Perez Companc envolveu uma propina ao governo FHC de US$ 100 milhões, conforme informações dos diretores da Pérez Companc e de Oscar Vicente, principal operador do (ex-presidente da Argentina Carlos) Menem e durante os primeiros anos de nossa gestão”, diz o anexo 25 da delação do ex-diretor. Ele afirma ainda que cada diretor da empresa argentina recebeu US$ 1 milhão como “prêmio pela venda da empresa”.

O então presidente Vicente teria sido recompensado com de US$ 6 milhões. Cerveró, no entanto, não aponta no documento os nomes dos integrantes do governo FHC que teriam se beneficiado da propina.

Em 2002, a Petrobras, que tinha como presidente Francisco Gros (morto em 2010), comprou a PeCom, uma das maiores empresas de petróleo da América Latina, por US$ 1,027 bilhão. Cerveró também relatou encontros com os ex-ministros argentinos Roberto Dromi e Julio de Vito para tratar da venda da Transener, empresa que passou a ser controlada pela Petrobras, para um grupo argentino.

O lobista Fernando Soares, o Baiano, também relatou, em sua delação, reuniões com os mesmos políticos argentinos para falar do tema. Baiano e Cerveró admitiram ter recebido US$ 300 mil cada em negócio feito no país.

O outro lado                

Em nota o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu Francisco Gros, presidente da Petrobras na época da aquisição da PeCom o descrevendo como “pessoa de reputação ilibada e sem qualquer ligação politico partidária”. Sobre as informações de Cerveró, ele disse que são “afirmações vagas” e “sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação”. A advogada de Cerveró, Alessi Bransão, afirmou que a defesa não se manifestará sobre o conteúdo do documento que está sob sigilo.

 Números

2002 foi o ano de venda do conglomerado de energia PeCom para a Petrobras

Fonte: O Povo