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Publicado em: 29/01/2016

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O POVO ECONOMIA - Empresas do Ceará têm 2º maior inadimplência da história

As empresas cearenses estão amargando as consequências da queda do consumo, dos juros elevados e da cotação recorde do dólar. O índice de inadimplência nos bancos mostra bem os resultados desse contexto difícil. Os indicadores pegaram um verdadeiro elevador desde setembro do ano passado para cá, surpreendendo os analistas do sistema financeiro pela velocidade de seu crescimento.

O saldo de crédito contratado e não pago às instituições financeiras pelas companhias cearenses em setembro, segundo o Banco Central, era de 2,25% em setembro de 2015. Em dezembro, esse índice praticamente tinha dobrado, chegando a 3,96%. (ver quadro)

Da série histórica calculada pelo Banco Central, de 2004 até dezembro de 2015, os indicadores de inadimplência de pessoas jurídicas tiveram o segundo maior aumento da sua história em dezembro. Antes desse período, apenas em maio de 2013 houve um indicador em patamar mais alto (4,7%). O percentual registrado no Ceará é maior do que o de estados como Bahia e Pernambuco (3,47% e 3,09%, respectivamente).

O ex-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-CE), Allisson Martins, tenta achar uma explicação para a aceleração desses índices de setembro para dezembro. Uma das justificativas plausíveis para o aumento da inadimplência seria uma tomada maior de crédito no segundo semestre, com o objetivo de retomada da produção em função das vendas de Natal.

Na opinião do economista, parte dessas empresas não deve ter conseguido o resultado esperado e, por essa razão, não honraram os seus compromissos com os bancos.

Números da inadimplência no Ceará em 2015

 

Mês                                   Percentual (%)

Janeiro                              2,01

Fevereiro                          1,97

Março                               1,89

Abril                                 1,89

Maio                                 1,95

Junho                                2,02

Julho                                 2,08

Agosto                              2,23

Setembro                          2,25

Outubro                            3,20

Novembro                        3,89

Dezembro                         3,96

 

Fonte: Banco Central

 

SISTEMA 1 - CALAFRIOS NA ESPINHA

Para os operadores do sistema financeiro, essa situação gera calafrios na espinha. Os bancos são obrigados a provisionar, junto ao BC, parte dos recursos emprestados, tendo o tomador do empréstimo pago ou não.

 

SISTEMA 2 - FAMÍLIAS COM MENOS OSCILAÇÕES

As famílias também estão sentindo o efeito da crise mas, pelos dados do Banco Central, não houve nenhum aumento galopante da inadimplência, como aconteceu com as empresas. Das pessoas que tomaram empréstimos no Ceará, a média de saldo de crédito não pago oscilou entre 4,5% e 5%.

 

FNE - MOBILIZAÇÃO CONTRA OS JUROS

A bancada cearense tenta se mobilizar contra a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), que elevou a taxa de juros dos Fundos Constitucionais (FNE, FNO e FCO). O deputado federal Danilo Forte esteve com o presidente do Banco do Nordeste falando sobre o assunto e pretende apoiar as iniciativas dos governadores e empresários do Nordeste contra o aumento de 71% das taxas de juros. A medida tira toda a competitividade dos financiamentos dos projetos na região.

 

IPVA - 22% DEVEM OPTAR PELA PARCELA ÚNICA

O secretário da Fazenda, Mauro Filho, tem feito todos os esforços para melhorar a arrecadação, mas não tem sido fácil. Este ano, apesar de facilidades como o pagamento do IPVA no cartão, a expectativa é de uma queda na adesão pela parcela única, que se vence hoje.

Nos anos anteriores, aproximadamente 30% dos contribuintes do IPVA optavam pela parcela única. A média esperada para 2016 é de 22%. Até ontem, aproximadamente 100 mil pessoas já tinham pagado (cerca de 7% dos contribuintes).

 

Fonte: Coluna Neila Fontenele – Jornal O Povo