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Publicado em: 07/04/2016

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CONCORRÊNCIA DESLEAL - José Avelino prejudica lojistas da Monsenhor Tabosa

Com despesas como impostos e direitos trabalhistas, empresários da Monsenhor Tabosa veem a informalidade se espalhar pelo Centro e tomar seus clientes

“Somos injustiçados”. Esse é o sentimento de lojistas da avenida Monsenhor Tabosa quando olham para a feira da rua José Avelino. A definição é de Felipe Fialho, diretor da Associação de Lojistas da Mosenhor Tabosa (Almont) e da Produção, marca de moda feminina que tem 11 unidades em Fortaleza, incluindo uma na avenida.

Ele explica que as lojas pagam impostos e direitos trabalhistas, além de terem custos com estrutura, como energia e condomínio. “Não fazemos nada sem nota fiscal. Ainda assim, somos fiscalizados pela Fazenda, pelo Ministério do Trabalho. Os feirantes da José Avelino são irregulares, não têm esses custos, não pagam impostos e o Governo faz vista grossa. São quase privilegiados”.

Felipe ressalta que o produto vendido na Monsenhor Tabosa tem mais qualidade e o público é diferente, mas que teme a aproximação da feira. Rita Ripardo, da loja Bruna Calçados, concorda. Entretanto, diz que o momento é de crise econômica e a concorrência desleal assusta. “Na situação em que se encontra o País, o cliente procura cada vez mais o menor preço”. Rita já foi à Feira da Madrugada. “O produto não tem qualidade, é cansativo comprar lá. Mas tem gente que só procura preço”.

Raimundo José Furtado Abdon, conhecido como Sassá, está há 26 anos na Monsenhor Tabosa. Dono da Tonys Man, marca de roupa masculina, ele diz que a José Avelino já tomou alguns de seus clientes. Gente que comprava até 100 camisas para dar de presente ou confeccionar uniformes. “Esses eu perdi”, diz ele sobre a venda no atacado, principal público da feira.

Com margem reduzida, Sassá diz que adota estratégias agressivas em preço. Mas com a inflação e o dólar em alta, fica difícil. É preciso disposição. “A gente sabe que um armazém está vendendo botão mais barato, a gente corre lá e compra. Ou quando estão ‘queimando’ tecido para reduzir estoque, vou lá”, conta ele, que afirma pagar mais de R$ 1.000 mensais só com a conta de luz.

Ainda assim, não dá para competir com quem ocupa espaço público irregularmente, não emite nota fiscal e faz ligação irregular de energia elétrica. “A gente paga R$ 4mil, R$ 6 mil, R$ 8 mil de aluguel. Não dá para praticar preços tão baixos como os de quem não paga”.

De grande apelo, sandália de R$ 10 é produto cada vez mais raro na Mosenhor Tabosa. “Mas a Feira consegue”, lamenta Rita. “O cliente tinha a Avenida como preço baixo. Com o tempo ficou difícil esse preço”.

Felipe conta que a sensação é de que a feira se aproxima. Com ela, traz desordem, violência e prejuízo. “É muito ruim você olhar para o lado e ver a informalidade tomando conta, sem limite”.

O economista Lima Matos é dono do Shopping Atalaia, na Monsenhor Tabosa, e também vê com preocupação o avanço do comércio informal do Centro, que se irradia da José Avelino para a Catedral, Praça do Cristo Redentor, Dragão do Mar. “Em qualquer lugar que você tiver comércio informal ao lado de um shopping, vai reduzir o movimento das lojas”. A conclusão, para ele, é simples: “O que não pode acontecer é permitir o comércio informal”.

Antônio Gonçalves, presidente da Almont e dono da Fátima Gonçalves Vestido de Festas, aponta que a feira da José Avelino desestimula o empreendedorismo na economia formal. “Uma loja tem diversos custos que essa feira não tem. Isso desestimula a pessoa a colocar uma loja porque ela pensa que é mais barato ir para a feira”.

NÚMEROS

1.471

feirantes cadastrados atuam na feira da José Avelino segundo a Prefeitura

3 mil

atuam sem cadastro, conforme estima a Prefeitura

10 mil

é o número de feirantes na José Avelino segundo a Associação

R$ 70

milhões ao mês

é quanto o secretário do Centro, Ricardo Sales, estima que a feira injete na economia

453

é o número

de lojas da Monsenhor Tabosa, incluindo as galerias e ruas transversais, conforme dados do final de 2015 da Almont. Cerca de 25 estão fechadas.

SERVIÇO

Formalize-se

Portal do Empreendedor:

www.portaldoempreendedor.gov.br

Sebrae

Site: www.portaldeatendimento.ce.sebrae.com.br

Telefone: 0800.570.0800

Fonte: O Povo