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Publicado em: 22/01/2014

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TRABALHO - Indústria do Estado precisa capacitar 23 mil em dois anos

22/01/2014.

A demanda é válida para 2014 e 2015. O Estado é o terceiro do Nordeste com maior necessidade de qualificação

De acordo com o Mapa do Trabalho Industrial, estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Ceará precisa qualificar 23.132 profissionais, todos para o preenchimento de vagas de empregos no setor, em projeção que soma as necessidades para 2014 e 2015 (11.566 para cada). A demanda cearense é a terceira maior do Nordeste, atrás de Bahia (37.762) e Pernambuco (28.264). No Brasil, o Estado ocupa a 11ª posição.

O resultado da pesquisa, com isso, reforça uma reclamação recorrente dos industriais do Ceará: a falta de mão de obra qualificada. Para 64% deles, este é um dos entraves do crescimento econômico do setor, segundo levantamento da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), divulgado em novembro de 2013. A maior incidência de queixas, apontava o estudo, concentra-se nas empresas de grande porte: 70%. Nas demais, a proporção chegou a 56,3%.

Condições de formação

Fernando Nunes, diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), garante que a entidade comanda por ele tem condições de atender a esta demanda. "Esses números não nos assustam". Conforme informou, as noves unidades do Senai no Ceará, juntas, têm capacidade para formar, em média, 76 mil novos profissionais por ano.

Nunes se refere a cursos para operadores, com duração de 200 horas, e para técnicos, com duração de 800 a 1.600 horas. "E nosso percentual de desistência dos alunos é baixo, entre 8% e 10% do total", estima.

O diretor regional do Senai mencionou ainda o Centro de Treinamento Técnico do Ceará (CTTC), equipamento que o Governo do Estado está construindo para atender às demandas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), com foco nas áreas de construção civil, metal mecânica e petróleo e gás. A conclusão da obra, adiada várias vezes, foi prevista pela última vez para janeiro deste ano. O CTTC, quando finalizado, dará uma contribuição de mais 10 mil trabalhadores qualificados por ano, calcula Nunes. A instalação está sendo feita na área do próprio Cipp e será operado pelo Senai. "Será nossa maior unidade. Começaremos com 2 mil matrículas", afirma.

Incompleto

A presidente do Sindicouros (Sindicato da Indústria de Curtimento de Couros e Peles do Estado do Ceará), Márcia Oliveira Pinheiro, pondera que, mesmo com toda a capacidade do Senai em atender às demandas de qualificação da mão de obra, há várias funções técnicas para as quais não há oferta de curso nas unidades cearenses da entidade. "No meu segmento, não há formação para classificador de couro e técnico em acabamento, entre outros trabalhos", exemplifica. "Para a indústria do couro, o Senai do Rio Grande do Sul é uma referência. Sei, inclusive, de colegas que resolveram ´importar´ profissionais qualificados lá", diz.

Valorização

André Montenegro, presidente do Sindicato da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), lembra que o seu segmento passa por um "boom" de mercado que já dura alguns anos, com obras estruturantes e residenciais espalhadas pela Capital e pelo Interior. "Por isso, há uma necessidade cada vez maior de elevarmos a qualificação dos trabalhadores", afirma. O empresário revela que está em estudo uma campanha para valorizar o ofício daqueles que trabalham na construção civil, com o objetivo de estimulá-los a procurar mais formação. "Precisamos tirar essa ideia de que operário é subemprego. É um emprego mais digno do que vários outros", defende.

Montenegro citou ainda a existência da Universidade Corporativa da Construção, a UniConstruir, uma iniciativa do Sinduscon-CE para capacitar profissionais da área. "Mas só isso não é suficiente", diz.

Dados do País

Em todo o Brasil, o estudo da CNI aponta que será necessário formar 1,14 milhão de novos profissionais para este e o próximo ano. A maior demanda é para São Paulo (386.902), seguido de Minas Gerais (120.642) e Rio Grande do Sul (111.742). Os cinco setores do País que concentram as maiores necessidades são construção civil (107.430), alimentos e bebidas (77.458), veículos automotores, reboques e carrocerias (48.277), máquinas e equipamentos (44.347) e minerais não metálicos (22.999). Juntos, estes setores devem responder por 53% da demanda nacional por formação para atender a novos empregos na indústria.

O QUE ELES PENSAM

Desafio gera opiniões divergentes

"Os números não nos assustam. O Senai do Ceará tem capacidade para qualificar 76 mil profissionais por ano, entre operadores e técnicos. Então, se a indústria do Ceará precisa de 11.566 para 2014 e para 2015 (23.132 no total), nós temos condições de atender a essa demanda. E ainda tem a conclusão do Centro de Treinamento Técnico do Ceará" - Fernando Nunes - Diretor regional do Senai/CE.

"Mesmo que o Senai tenha capacidade para formar mais gente do que a quantidade necessária anunciada pela CNI, ainda falta qualificação para funções específicas, o que acaba deixando carente segmentos como o de couro. Para ele, por exemplo, o Senai não oferece cursos para classificador de couro e técnico em acabamento, entre outros" - Márcia Oliveira Pinheiro - Presidente do Sindicouros-CE.

"É importante que parcerias sejam feitas com a Fiec e outras entidades para ampliarmos a oferta de cursos profissionalizantes. O Sinduscon-CE, por exemplo, criou a Universidade Corporativa da Construção, a UniConstruir, própria para profissionais da área. Queremos também criar campanhas para valorizar o trabalho e estimular a qualificação" - André Montenegro - Presidente do Sinduscon-CE.


Repórter: André Ítalo Rocha

Fonte: Jornal Diário do Nordeste