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Publicado em: 27/02/2014

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OITAVA ALTA SEGUIDA- BC sobe taxa básica de juros para 10,75%

27/02/2014.

A decisão confirmou a aposta dos economistas, baseada no cenário de pressão inflacionária e queda da economia

São Paulo/Brasília O Banco Central (BC) subiu ontem o juro básico da economia brasileira, a taxa Selic, em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano. Foi a oitava alta seguida da taxa, que havia caído para um dígito em março de 2012 - quando saiu de 10,5% para 9,75% ao ano - e a primeira nessa intensidade depois de seis aumentos de 0,50 ponto percentual.

A decisão acabou confirmando a aposta da maioria dos economistas brasileiros, baseada no cenário de pressão inflacionária e desaquecimento da atividade econômica. Havia também, em menor intensidade, projeções de aumento ainda maior, de 0,5 ponto percentual.

Em levantamento realizado pela agência Bloomberg com 61 instituições, a maioria (44 apostas) esperava o aumento de 0,25 ponto percentual. Em contrapartida, 16 especialistas defendiam um aperto monetário mais forte, de 0,50 ponto percentual. Um analista acreditava ainda na manutenção da taxa básica de juros em 10,5% ao ano.

Estratégia do governo

A elevação dos juros é um instrumento bastante utilizado pelo governo federal para conter o consumo no País, tendo em vista que o crédito (tanto empréstimos em instituições financeiras quanto parcelamentos em lojas, por exemplo) vai ficando mais caro. Nesse cenário, com menos demanda, a inflação tende a ceder. A estratégia vem sendo utilizada para controlar a pressão inflacionária brasileira, mas para muitos especialistas veem isso com um custo significativo: o baixo crescimento da economia.

Perspectivas

Para o futuro, a aposta dos economistas é de mais uma alta da Selic em abril, de 0,25 ponto percentual. Depois disso, a taxa ficaria estável, encerrando 2014 em 11% ao ano. "Se o governo subir a Selic acima disso, pode prejudicar ainda mais o crescimento da economia, que já não é bom. Ele não deve querer um juro maior que 11% ao ano, especialmente depois que o mercado ganhou mais confiança no governo após o anúncio da meta de corte nos gastos, feito na semana passada", diz Elad Revi, analista-chefe da Spinelli Corretora.

Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, afirma que o Copom vai se manter fiel ao "plano de voo original sinalizado na última reunião de política monetária, que é o de buscar, a partir de agora, fazer a sintonia fina dos juros enquanto aguarda pelos efeitos defasados do ajuste já realizado sobre a economia".

OPINIÃO DO ESPECIALISTA

Economia de gastos e eleições reduzem ritmo

 Essa diminuição de ritmo nas altas da Selic pelo Banco Central, de 0,5 p. p, como vinha ocorrendo nas últimas reuniões, para 0,25 p. p, já era aguardada pelo mercado, então não tivemos surpresa. Tal previsão se sustentava em dois aspectos da atual conjuntura política e econômica do País. O primeiro deles diz respeito ao anúncio do Ministério da Fazenda, na semana passada, de que o governo cortará R$ 44 bilhões do valor que foi aprovado para o orçamento de 2014. Essa medida ajuda a diminuir a demanda da economia e, consequentemente, contribui para desacelerar a inflação, a principal preocupação do governo.

Com uma política fiscal mais equilibrada, diminui um pouco a necessidade de aumentar muito a Selic, principal instrumento de contenção dos preços. O segundo aspecto é eleitoral. Como estamos em ano de eleição presidencial, o governo deve anunciar doses menores de altas da Selic ao longo de 2014.

Ricardo Eleutério

Professor de economia da Unifor

Fonte: Diário do Nordeste Online