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Publicado em: 26/03/2014

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Crise na Ucrânia impacta preço do trigo no Ceará

26/03/2014.

A suspensão das exportações do trigo argentino, principal fornecedora, culminou para elevação neste ano

As tensões geopolíticas decorrentes do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, um dos maiores produtores e exportadores de trigo do mundo, poderão impactar diretamente na alta da matéria-prima. A estimativa é do presidente do Sindicato da Indústria do Trigo do Ceará (Sinditrigo) e membro da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Eugênio Pontes. "A Ucrânia é um dos principais produtores de trigo do mundo, então o que acontece é que essa instabilidade na região está gerado dúvidas e incertezas quanto ao abastecimento em todo o mundo", comenta.

Os receios de que o fornecimento de produtos agrícolas possa sofrer alterações, segundo Pontes, está "gerando um viés inflacionário muito forte". "Para se ter uma ideia, o preço da farinha de trigo já subiu 26% no Estado, entre janeiro e março deste ano. E nos últimos 15 dias, a saca da farinha de trigo já subiu mais de U$ 30 dólares a tonelada. Tenho certeza que isso deverá gerar desdobramentos em toda a cadeia produtiva", diz o presidente do Sinditrigo, destacando que o Brasil é fortemente dependente da importação do trigo, pois produz menos de 40% da sua necessidade. "Aqui no Nordeste, por exemplo, somos 100% dependentes de importação", ressalta Pontes. De acordo com ele, em abril, a empresa M. Dias Branco, produtora e fornecedora de trigo, deverá elevar em 10% o preço do produto agrícola no Estado.

Isenção de tarifa

Eugênio Pontes sugere que o governo renove a isenção da tarifa de importação da farinha para baratear as compras de farinha em outros países. "A Tarifa Externa Comum (TEC) encarece em 10% o preço do trigo adquirido nos Estados Unidos".

Repasse

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Panificação e Confeitaria, Massas Alimentícias e Biscoitos do Ceará (Sindipan-CE), Lauro Martins, afirma que qualquer aumento pode refletir também na mesa do consumidor. O quilo do pão francês, que está custando em média R$ 9, pode subir ainda mais. "Muitas panificadores tenta segurar o repasses, mas com a farinha de trigo cada vez mais cara, em algum momento, os donos de empresas devem precisar repassar o preço do pão ao consumidor, como já ocorreu neste mês", explica Martins.

Antes o principal fornecedor do produto, a Argentina restringiu as exportações após uma quebra de sua safra, em 2013, afetando diretamente o Brasil. A produção nacional só é suficiente para abastecer o consumo das regiões Sul e Sudeste. "Todos os aumentos que tivemos nos últimos meses foi em decorrência dos reajustes da farinha de trigo", enfatiza.

Segundo o presidente Sindipan-CE, a saca de 50 quilos de trigo tem sido comprada por R$ 103. Entretanto, ele compara que, no início do ano, era possível comprar a mesma saca por R$ 70. "Tivemos um aumento de 10% março, mas não devemos promover um novo reajuste no preço do pão em um espaço de tempo tão curto", comenta.

Apesar disso, Martins acredita que acredita que o mercado já se encontra estabilizado e não há motivos significativos para novos ajustes "O dólar está estável. A Argentina já deixou de exportar o trigo há alguns meses", acrescenta.

 

Fonte: Diário Online (Jornal Diário do Nordeste)