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Publicado em: 22/04/2014

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AUMENTO VALE HOJE - Aposta na microgeração é alívio com energia cara

22/04/2014.

Após se tornarem microgeradores, cearenses têm relatado economia considerável na conta de luz

Algumas pessoas no Estado estão despreocupadas e até rindo do aumento de até 17,2% na conta de luz, que passa a vigorar hoje - embora a Companhia Energética do Ceará (Coelce) tenha pleiteado 13,83% de reajuste à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Mas os que estão pouco ligando para o fato são os empresários que resolveram prover a própria energia e passaram a integrar o minúsculo grupo de microgeradores.

No início deste mês, esse pessoal chegava ao número de apenas 16 pessoas - e mais 11 com projetos sob análise da Coelce. Todos eles continuam sujeitos aos apagões ou aos ataques à rede convencional, já que estão conectados à distribuidora, mas a economia os tem deixado bastante satisfeitos com o negócio.

Aumento pouco impacta

"Um aumento deste de energia vai influenciar muito pouco a minha conta", ressalta com um sorriso o proprietário da metalúrgica Metalnox, Fernando Saraiva, que fez até foto mostrando o contentamento dele.

O flagra foi feito por Francisco Bastos, um dos diretores da Satrix - a empresa contratada por Saraiva para instalar a planta solar de 48 painéis de 240 wattspico (Wp) cada. Ao todo, o empresário possui uma potência de 11.250W na unidade que fabrica corrimões, aços inox e estruturas metálicas em geral.

Retorno

Na prática, toda esta infraestrutura deverá ser paga dentro de sete a oito anos pelo empresário, que disse desembolsar, atualmente, cerca de R$ 200, enquanto, antes, desembolsava R$ 1,3 mil mensalmente para a Coelce - redução de quase 85%.

A mesma satisfação é compartilhada pelo italiano Alessandro de Cristofaro. Proprietário, há seis anos, de uma pousada em Cumbuco, no município de Caucaia. Em setembro do ano passado, ele decidiu empreender na própria geração de energia elétrica. "Fiz um orçamento e achei um bom negócio. Chamei alguns colegas também europeus antes, mas eles se mostraram um pouco temerosos", contou.

O medo deles até surpreendeu Alessandro, que disse ter certeza que todos possuem negócios cuja geração de energia é provida por eles na Europa. Inclusive, o italiano afirmou que o preço da produção aqui é cerca de 25% mais caro que do outro lado do Atlântico e lamentou a falta de incentivo do governo brasileiro para a mini e a micro-geração de energia.

"Aqui (no Brasil), demora cerca de oito a sete anos para eu ter o retorno desse investimento. Já na Europa, consigo com cinco anos. Agora, o rendimento (de energia) aqui é bem maior por conta das condições climáticas", comparou. Ele aponta a cultura local como um problema para o desenvolvimento da geração de energia pelos usuários comuns, sobretudo devido ao custo inicial do projeto, o qual, geralmente, é financiado pelas empresas em até seis anos - lembrando que a vida útil de um sistema solar chega a 25 anos.

Benefício a todos

O problema é também mencionado pelo proprietário da Metalnox, que ainda aponta para um outra questão: a incidência de impostos sobre a energia lançada por eles na rede da distribuidora estadual. "Eu descobri depois que deixei a rede da Coelce que o lançado por mim na rede é avaliado de maneira menor pelo sistema e ainda tem o ICMS em cima", destaca.

Alessandro compara novamente à Europa, onde ele afirma receber financiamentos com juros zero ou até a fundo perdido para estimular este tipo de geração. Para o dono da pousada Brasita, o que as pessoas aqui no Ceará não enxergam é que a microgeração ajudaria todo mundo. A rede precária da distribuidora teria mais pontos de geração para a rede, o que diminuiria a deficiência do sistema e acabaria com o prejuízo de alguns usuários. "Todos da Coelce sabem disso e o que ela perderia em clientes, ela ganharia em eficiência", garante.

 

Repórter: Armando de Oliveira Lima

Fonte: Jornal Diário do Nordeste