Petrobras vai propor corte de até 30% em investimentos em 5 anos
O Plano de Negócios da Petrobras para o período de 2015 a 2019 prevê uma redução de 27% a 30% no valor a ser investido. O plano foi discutido nesta terça (23) durante reunião de diretoria na sede da estatal, no Rio. O plano será apresentado ao conselho de administração da companhia na próxima sexta-feira (26).
Segundo a Folha apurou, a ideia é apresentar ao conselho um "plano de negócios mais enxuto", em função da nova realidade de caixa da empresa, que sofre com a queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional e com as dificuldades financeiras decorrentes do escândalo de corrupção.
Além disso, a empresa vê sua dívida crescer por conta da valorização do dólar.
A divulgação do plano para o mercado deve ocorrer na segunda-feira.
O plano anterior, para o período de 2014 a 2018, totalizava investimentos de US$ 220,6 bilhões –ou US$ 44,1 bilhões por ano. A Petrobras já não havia conseguido cumpri-lo, e fechou o ano passado com investimentos de US$ 35 milhões, 20% a menos que o previsto.
Com a redução do plano estimada em 27%, o valor a ser investido no quinquênio seria de US$ 161 bilhões, ou US$ 32,2 bilhões anuais. Caso a redução seja de 30%, o valor cai a US$ 154,4 bilhões, que dá US$ 30,8 bilhões por ano.
A expectativa do mercado está sobre o que será feito com as duas principais refinarias em construção no país –Comperj, no Rio, e Abreu e Lima, em Pernambuco.
Os projetos são fundamentais para a empresa, que não refina o suficiente para atender a demanda nacional e tem que importar gasolina.
Na última divulgação de resultados, em maio, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, reforçou o interesse pelo setor, mas ratificou decisão tomada pela gestão anterior de cancelar o projeto das refinarias Premium 1 e 2, no Nordeste.
A Petrobras já havia sinalizado que o investimento iria para patamar mais baixo.
No primeiro trimestre deste ano, a cifra ficou em R$ 17,8 bilhões, recuo de 13% em relação ao verificado em igual período de 2014.
O chamado "desinvestimento" –venda de ativos menos importantes para fazer caixa e liberar recursos para os projetos mais importantes– tem origem também no alto endividamento da companhia. Impulsionado pela alta do dólar, a dívida líquida da petroleira bateu R$ 332 bilhões no terceiro trimestre.
Rumores de que o plano sofreria redução fizeram cair as ações da Petrobras na Bolsa. As ações preferenciais, sem direito a voto, tiveram queda de 1,74%, e as ordinárias, com direito a voto, de 1,37%.
Fonte: Folha de S. Paulo