PARALISAÇÃO DOS CAMINHONEIROS - Governo oferece pacote para liberar estradas
O pacote de medidas prevê a sanção integral da Lei dos Caminhoneiros, suspensão de pagamentos de empréstimos e a criação de uma tabela para fretes. Além disso, o preço do diesel será mantido por 6 meses
O Governo Federal ofereceu ao movimento de caminhoneiros ontem um pacote de medidas com o objetivo de acabar com os bloqueios nas rodovias. Ele foi fechado após uma reunião entre governo, empresas e trabalhadores, no Ministério dos Transportes.
A negociação, conduzida pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rosseto, é composta por quatro pontos. O primeiro atende pedido central dos trabalhadores, com a sanção integral da chamada Lei dos Caminhoneiros, que prevê uma série de benefícios para a classe. A presidente Dilma Rousseff tem até o dia 13 de março para sancioná-la.
O segundo é a suspensão, por um ano, dos pagamentos de empréstimos feitos pelo BNDES a motoristas para a aquisição de caminhões. A proposta vale para duas linhas de crédito -Finame e ProCaminhoneiro.
Outro compromisso estabelece que empresas e caminhoneiros criarão uma tabela referencial de fretes -o que pode levar a preços mínimos dos fretes. A queda nos valores dos fretes é um dos motivos das paralisações. Por fim, a negociação visa estabelecer de uma mesa permanente de negociações entre motoristas e representantes empresariais.
Além disso, de acordo com Rosseto, a Petrobras garantiu que nos próximos seis meses não ocorrerá reajuste do preço do diesel. “Quero também aproveitar para informar que a Petrobras nos diz que, a partir dos seus referenciais de indicadores, nós podemos afirmar que não haverá um reajuste do preço do diesel nos próximos seis meses [contados a partir de hoje]”, salienta.
Questionado sobre se o Governo Federal estabeleceu um prazo para os motoristas, Rossetto disse apenas que o objetivo é tratar do fim das paralisações o mais rápido possível.
Dada a dimensão que tomou o movimento dos caminhoneiros, e com a economia sob risco de recessão, o governo avaliou que não teve outro remédio senão agir para resolver o impasse.
Com a taxa de popularidade da presidente em recorde de baixa, assessores presidenciais alertaram que, se o movimento não fosse contido, Dilma seria responsabilizada pelos problemas.
Estados
A paralisação dos caminhoneiros, segundo balanço da Polícia Rodoviária Federal, atingiu estradas ontem em dez Estados.
Saiba mais - Reivindicações
Os motoristas pedem a diminuição do preço do diesel, além da redução do preço do frete e do valor dos pedágios
Força-tarefa
A Advocacia Geral da União (AGU), com apoio do Ministéri oda Justiça e Polícia Rodoviária Federa e da Força Nacional, mobilizou uma força-tarefa para liberar as rodovias federais bloqueadas pelos caminhoneiros. As ações foram ajuizadas nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Abastecimento
Enquanto setores da economia cearense temem o desabastecimento, no Paraná já ocorre a falta de combustíveis em alguns pontos do estado. No interior, o litro da gasolina é vendido a R$ 5.
Interdições
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, 99 interdições foram registradas nas rodovias brasileiras. Rio Grande do Sul possui 36 pontos, seguido de Santa Catarina (22) e Paraná (19), Mato Grosso (10), Bahia (4), Goiás (2) e uma no Espírito Santo e Ceará.
Repórter: Átila Varela
Fonte: Jornal O Povo