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Publicado em: 27/01/2015

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MAIOR EM 11 ANOS - Mercado prevê inflação em 6,99%

Boletim Focus aponta inflação próxima a 7% e crescimento de quase zero do PIB. Para analistas, o cenário que se desenha é de retração

O mercado e os consumidores estão menos confiante na economia. A inflação deve fechar 2015 em 6,99%, maior índice dos últimos 11 anos, de acordo com projeções do boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC). O documento também aponta para um crescimento de 0,13% do Produto Interno Bruto (PIB), uma revisão para baixo ante os 0,38% da semana passada.

Os números apontam um cenário de retração. O crédito está ficando mais caro com a alta da taxa básica de juros (Selic), que já alcançou 12,5% e há quem aposte que ela chegará perto dos 15% ao final do ano. A estimativa é de que a taxa média de juros para pessoa física alcance 109,5% ao ano. Precavidos, os consumidores também passaram a contratar menos operações de crédito e a demanda nas instituições financeiras já caiu 8,3%, maior queda em quatro anos, aponta pesquisa Boa Vista SCPC.

A persistência inflacionária vinha sendo observada desde o ano passado. Embora a meta central de inflação esteja em 4,5%, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou a 6,41% em 2014, perto do teto da meta (6,5%). A alta da taxa de juros prevê a redução do avanço da inflação, mas pode não ser suficiente. Não só os consumidores quanto os empresários estão menos confiantes na economia. Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) apontam que 61,8% dos brasileiros consideram situação atual ruim e 39% preveem piora.

“Sem confiança a economia não anda. O empresário não sabe se vai ter um retorno e prefere não investir”, analisa o consultor e sócio da SM consultoria, Vitor Leitão. Além disso, pelo lado do consumidor, há um receio quanto às incertezas e o crédito mais caro. Outro aspecto a ser analisado é o aumento da inflação devido ao reajuste de preços da energia e da gasolina.

Os mais pobres acabam sendo os mais prejudicados com a política econômica que gera maior inflação, já que boa parte da renda deles é utilizada em consumo. O cenário desfavorável é reflexo de uma política do primeiro Governo Dilma que abandonou o tripé macroeconômico (conter a inflação, gerar superávit primário e câmbio flutuante), de acordo com o economista do Conselho Regional de Economia (Corecon/CE), Anderson Passos Bezerra.

Alternativas

A manutenção do tradicional tripé macroeconômico com a elevação da taxa de juros para conter a inflação pode ser uma estratégia perigosa, já que o Governo acaba pagando mais caro para honrar os juros da dívida.

Alternativas para aumentar a arrecadação do Governo sem elevar a tributação sobre a classe média são taxar as grandes fortunas, tributar as heranças e reduzir a margem de lucro dos bancos, de acordo com o professor de economia da Fea/USP, Paulo Feldmann.

Na Inglaterra, de acordo com o professor, são revertidos em impostos cerca de 40% do montante das heranças. Se o governo implantasse a taxação seria possível recolher cerca de R$ 35 bi, quase um terço do que o Governo precisa economizar. “São medidas que saem da mesmice tradicional e que melhorariam muito a situação do Brasil”, analisou.

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, admitiu que as medidas adotadas pelo Governo Federal podem levar a uma retração do PIB no trimestre. Mas, segundo ele, as ações são necessárias para arrumar o ambiente macroeconômico e permitir o crescimento sustentável da economia.

Saiba mais

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), registrou queda de 6,7% em janeiro em relação a dezembro de 2014, passando de 96,2 para 89,8 pontos. Desde setembro de 2005, este é o menor nível da série histórica do índice.

O indicador de demanda do consumidor por crédito caiu 7,8% em 2014, na comparação com 2013, a maior queda apurada na série histórica (com cálculos realizados desde dezembro de 2011). Os dados são da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).

Os investidores e analistas do mercado financeiro continuam vendo a inflação resistente em 2015. Eles elevaram para 6,99% a projeção de fechamento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) este ano, a quarta alta consecutiva. O teto da meta da equipe econômica para o IPCA é 6,5%. O mercado também voltou a reduzir a projeção de crescimento da economia em 2015, de 0,38% para 0,13%. Os dados são do boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC).

 

Repórter: Teresa Fernandes

Fonte: Jornal O Povo