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Publicado em: 03/03/2015

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ATRASO NO CRONOGRAMA - Conclusão da Transnordestina deverá ficar só para 2018

Anunciada em 2006 ao custo de R$ 4,5 bilhões, a ferrovia tem hoje gasto total previsto de R$ 7,5 bilhões

Projetadas pelo último balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) para serem entregues em janeiro de 2017, as obras de construção da ferrovia Nova Transnordestina deverão ser concluídas somente em 2018, prazo este que é caracterizado ainda, como um "desafio" pelo novo comandante do empreendimento pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Ciro Gomes.

Como foram iniciados ainda em 2006, os trabalhos de instalação da nova estrada de ferro tomarão, portanto, 12 anos, pelo menos, para serem finalizados. "Não posso dizer hoje (quando estará pronta), mas o meu desafio é entregar o trecho de Eliseu Martins, no Piauí, Salgueiro, em Pernambuco, e Pecém, no Ceará, até o ano de 2018", afirmou Ciro Gomes.

Conforme ele, o empreendimento - que, apesar de ser tocado pela iniciativa privada, conta com recursos federais por meio do PAC 2 - está, no momento, com três frentes de trabalho. "São quase 900 equipamentos e 4.690 homens trabalhando. E eu tenho instruções do diretor-presidente, Benjamin Steinbruch, de pôr o pé no acelerador, que é como eu gosto de fazer", disse o novo diretor da CSN. Há um trecho pronto da ferrovia, o que vai de Salgueiro a Missão Velha. De acordo com o Ciro, falta homologar o trecho pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), tarefa que ele garantiu que realizará ainda esta semana. Já o percurso entre Missão Velha e Acopiara, de 150 quilômetros e cujas ordens de serviço foram dadas em outubro do ano passado, encontra-se em obras, segundo assegura o diretor da CSN. O traçado passou mais de um ano com serviços paralisados.

"Eu espero contratar os outros trechos mais proximamente", afirmou Ciro, referindo-se à parte da ferrovia dentro do Ceará. Ao todo, a Nova Transnordestina percorre 1.728 quilômetros, ligando os portos do Pecém (CE) e Suape (PE) ao cerrado do Piauí, no município de Eliseu Martins. Somente em território cearense, são 526,5 quilômetros de estrada de ferro.

Balanço

O último balanço do PAC, com dados até dezembro do ano passado, coloca as obras da Ferrovia Nova Transnordestina em um status de "atenção", que é dado àqueles empreendimentos cujos cronogramas estão saindo do programado.

Anunciada em 2006, ao custo de R$ 4,5 bilhões, a ferrovia tem hoje custo total previsto de R$ 7,5 bilhões, conforme o balanço do PAC 2. Contudo, em recente entrevista à imprensa, Ciro Gomes já admitiu que este valor deverá ser superado, uma vez que, segundo ele, o montante financeiro atual está sem correção monetária.

Restrição de investimentos

Diante do cenário de restrição de investimentos por meio do PAC, definido pelo governo federal, o novo diretor da CSN afirmou que, por meio da engenharia financeira do empreendimento, vai tentar fazer com que a Nova Transnordestina não seja prejudicada.

"A equação do financiamento dessa obra é uma equação muito variada. Você tem participação acionária, você tem crédito, você tem inversão de capital do próprio grupo CSN, de maneira que nós vamos tentar impedir que essa onda de restrições que está acontecendo no Brasil atinja essa obra", garantiu Ciro.

Transposição: obras seguem sem corte, mas terão atraso

Antes prometidas para 2014 pela presidente Dilma Rousseff, as águas do Rio São Francisco só deverão chegar agora ao Ceará, através das obras de transposição, em 2016. Esta é a nova previsão informada pelo Ministério da Integração, que informa, entretanto, que não há cortes nos orçamentos do projeto em virtude do arrocho nas contas públicas empreendido pelo governo federal neste ano.

"O cronograma de pagamento do Projeto de Integração do São Francisco segue o fluxo normal. Todas as faturas apresentadas referentes à execução de obras foram quitadas", informou o ministério, por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa.

De acordo com a planilha orçamentária vigente, o empreendimento custará, ao todo, R$ 8,2 bilhões. Quando as obras foram iniciadas, ainda em 2007, o orçamento era de R$ 4,7 bilhões. Conforme o ministério, até o momento, foram gastos R$ 5,95 bilhões nas obras, montante que representa 72,5% do valor total.

O percentual de recursos já investidos no projeto se aproximam daquele que apresenta a evolução das obras: já foram executados um total de 70,7% de todos os trabalhos de construção do empreendimento.

Divisão

O projeto de transposição está dividido em dois eixos: o Leste e o Norte, cada um com três metas de execução, que são trechos distintos de obras. O Eixo Leste se encontra a 70,2% e o Norte, que inclui as obras no Ceará, a 71%. O projeto possui duas Metas de Execução de obras (Metas 2 e 3 Norte) que passam pelo Ceará.

A Meta 2 Norte, de 39 quilômetros de extensão, possui 40,9% de execução física. O trecho começa no reservatório Jati, no município de Jati (CE), e termina no reservatório Boi II, no município de Brejo Santo (CE).

Já a Meta 3 Norte, que percorre 81 quilômetros do reservatório Boi II, no município de Brejo Santo (CE), até o reservatório Engenheiro Ávidos, no município de Cajazeiras (PB), está com 75,1% concluídos.

Existem hoje mais de 9,5 mil trabalhadores atuando ao longo do empreendimento. Em alguns trechos, o canteiro de obras funciona 24 horas por dia. Este é o caso daquele que leva de Brejo Santo a Jati (CE); de Mauriti (CE) a São José das Piranhas (PB) e na construção dos 15 quilômetros do túnel Cuncas I, o maior da América latina, localizado também em Mauriti.

Todos estes ficam no Eixo Norte. No Eixo Leste, as atividades no túnel Monteiro, localizado entre Sertânia (PE) e Monteiro na (PB), também estão funcionando em período integral.

Objetivo

A obra de transposição do Rio São Francisco tem 477 quilômetros de extensão e visa beneficiar 12 milhões de habitantes, em 390 municípios nos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. (SS)

(Colaborou José Maria Melo)

Sérgio de Sousa - Repórter

Fonte: Diário do Nordeste