NOVO PRESIDENTE - Marcos Holanda quer BNB como banco de desenvolvimento
Nomeação do economista cearense foi publicada na edição de ontem do Diário Oficial da União
O novo presidente do Banco do Nordeste (BNB), Marcos Holanda, 56, foge do rótulo de liberal e anuncia que vai trabalhar para fortalecer a instituição como banco de desenvolvimento. “No que se encaixar nisso está minha ideologia”. Segundo ele, não há definição ainda sobre a nova diretoria, mas afirma que, a despeito de influência política, haverá critérios técnicos.
A disputa pelas indicações corre nos bastidores. No caso dele, aponta o senador Eunício Oliveira (PMDB), como um dos apoiadores na indicação, assinada pela presidente Dilma Rousseff ontem no Diário Oficial da União. O nome dele foi bem acolhido na equipe econômica desde quando foi apresentado, em meados do mês passado.
Além do currículo, há um fator a mais. Marcos foi colega de mestrado na FGV-RJ do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a quem chama de Joaquim, e de doutorado, na Universidade de Illinois (EUA), do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Na tarde de ontem, por telefone, ele aceitou falar ao O POVO, com a condição de ser “uma conversa rápida”. A posse ainda não tem data.
O POVO - Teremos um liberal no BNB?
MARCOS - Este rótulo está fora do contexto. Sou um defensor do Nordeste e tenho crença nessa lógica do banco de desenvolvimento. No que se encaixar nisso está minha ideologia. Farei todo o possível para fortalecer o Nordeste. O Etene (Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste) nisso é um órgão-chave. Um dos diferenciais que o Banco tem. Tem de ser fortalecido.
OP – O senhor já tem planos para o Banco?
Marcos – O Banco é o grande instrumento de desenvolvimento do Nordeste. Foi criado com esta função e permanece com esta função. Tem passado de conquistas e sucesso. Óbvio que eu, como cearense e nordestino, tenho a satisfação de encarar este desafio. Minha alegria não é pela pessoa, mas porque um técnico foi nomeado.
OP – O que senhor pensa de políticas em curso no BNB como o investimento na expansão de agências?
Marcos – Tudo o que couber nesta lógica será fortalecido, será apoiado.
OP – Como o senhor pretende lidar com uma diretoria não necessariamente indicada pelo senhor?
Marcos – É um processo inicial ainda. Vamos ter conversas mais detalhadas. Naturalmente, a política permeia. Mas uma coisa é certa, o fundamento técnico vai prevalecer. Aliás, de certa forma isto já vem acontecendo. Vamos continuar neste processo, porque, na medida em que for forte tecnicamente, será politicamente forte também.
OP – O senhor se considera uma nomeação da cota do PMDB?
Marcos - Certamente minha nomeação teve apoio forte do senador Eunício Oliveira. Não sou político. Sou técnico. Espero contar com quem puder contar. Em última instância, houve o reconhecimento da presidenta Dilma e do Joaquim (Levy, ministro da Fazenda).
OP - O senhor já marcou a data da posse?
Marcos – Ainda não, estamos vendo. Ainda tenho de deixar a Universidade (Federal do Ceará).
Perfil
Quem é o novo presidente
Marcos Holanda é professor do Departamento de Economia Aplicada da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ele é economista formado pela Universidade de Fortaleza (1984), engenheiro civil pela UFC (1983) e mestre em Economia pela Fundação Getúlio Vargas - RJ (1987). Hoje é pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e Professor Titular da UFC. Foi fundador e primeiro diretor geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceara (Ipece).
No Currículo Lattes dele, se apresenta com experiência na área de Economia, com ênfase em Balanço de Pagamentos; Finanças Internacionais, Finanças Públicas atuando principalmente nos seguintes temas: Inflação, Taxa de Cambio, Desenvolvimento Econômico, Comércio Internacional e Economia do Setor Público.
Saiba mais
A relação com Eunício Oliveira vem desde a campanha do senador ao Governo do Estado, ano passado. Em 18 de abril, ao ser perguntado sobre o convite, respondeu: “onde há fumaça...”.
Ele substitui Nelson Antônio de Souza, nome de perfil técnico, mas amparado na política pelo PT. Nelson nasceu em São Paulo, mas foi criado no Piauí. É funcionário de carreira da Caixa. Foi para o BNB como diretor em julho de 2012. Foi efetivado presidente em julho de 2014.
Ex-presidentes na Era Petista
Nelson de Souza 04/04/2014 a 30/04/2015
Ary Joel de Lanzarin
06/09/2012 a 03/04/2014
Jurandir Vieira
13/06/2011 a 20/06/2012
Roberto Smith
12/02/2003 a 09/06/2011
Paulo Sérgio Ferraro foi presidente interino de 21/6/2012 a 5/9/2012
Fonte: O Povo