APONTA BANCO CENTRAL - Atividade econômica do Ceará cai 3,4% em março
Índice do Estado recuou três vezes a mais do que a média nacional. Em 12 meses, contudo, houve crescimento de 4%
Fortaleza/Brasília. Apesar da alta de 1,3% em fevereiro, após recuo de 0,6% em janeiro, o ritmo da economia cearense voltou a apresentar retração em março. Isso porque o Índice de Atividade Econômica do Banco Central para o Estado (IBC-CE), divulgado ontem, registrou queda de 3,4% ante o mês anterior - um recuo três vezes maior do que a média nacional para o período, de -1,07%. O indicador é considerado por analistas uma prévia do Produto Interno Bruno (PIB) e, no Ceará, passou de 155,40 para 150,16 pontos.
A queda registrada no Ceará também foi maior que o recuo apresentado pelo Nordeste em março, de 1,50%. Os dados são dessazonalizados, o que significa que foram descontados os impactos de diversos fatores sobre a economia em determinadas épocas do ano. "Tivemos um desempenho bem abaixo do normal, mas acredito que foi apenas um ponto fora da curva, impulsionado pelo fraco desempenho de algum setor específico", avalia o economista Ricardo Eleutério. "Nos últimos sete anos, o PIB do Estado tem avançado quase o dobro da média nacional. Ainda acredito nisso", completa.
De fato, levando em conta o acumulado dos últimos 12 meses, o Ceará ainda apresenta crescimento de 4% na sua atividade econômica, enquanto que o Brasil registra queda de 1,18%, aponta o Banco Central. "Se analisarmos uma série maior, confirmamos que dinâmica do Estado segue melhor que a do País", diz.
No País
Depois de surpreender o mercado financeiro em fevereiro, com alta de 0,36% na margem, o IBC-Br passou de 146,05 pontos (dado revisado) em fevereiro na série dessazonalizada para 144,48 pontos em março. A queda ficou maior do que a mediana das estimativas dos analistas do mercado financeiro (-0,50%), mas dentro do intervalo de -1,30% a +0,10% previsto por eles.
Vale lembrar, no entanto, que estas estimativas não levam em conta o ajuste feito pelo BC para o indicador à nova metodologia das Contas Nacionais Trimestrais para o Produto Interno Bruto (PIB), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por conta disso, a divulgação do IBC-Br, prevista para ocorrer na semana passada, foi transferida para esta quinta-feira.
Pior desde 2009
O resultado do IBC-Br também mostrou que a atividade econômica brasileira registrou, este ano, o pior primeiro trimestre desde 2009, quando o mundo passava pelos reflexos da maior crise financeira global das últimas décadas. De acordo com o índice, nos primeiros três meses de 2015 na comparação com o mesmo período do ano passado, houve uma retração de 1,98% na série sem ajuste do BC. Sempre nos mesmos períodos de comparação, as taxas encontradas nos anos anteriores foram de +2,13% em 2014; +2,62% em 2013; +0,31% em 2012; +4,26% em 2011; +10,77% em 2010 e -3,89% em 2009.
A crise foi deflagrada no segundo semestre de 2008, mas seus efeitos passaram a ser sentidos com mais força no início do ano seguinte. Até hoje, as economias do mundo todo tentam se readequar ao episódio.
Já no primeiro trimestre deste ano na comparação com os três meses imediatamente anteriores, o Banco Central revelou que houve uma retração de 0,81% na série observada.
Em 2014, nessa mesma relação, foi encontrada uma alta de 0,53% pelo Banco Central e, em 2013, de 1,08%. A queda do primeiro trimestre deste ano, portanto, é a maior desde o mesmo período de 2012, quando houve uma baixa de 1,45%.
Fonte: Diário do Nordeste