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Publicado em: 01/07/2015

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Grécia não paga dívida ao FMI e entra oficialmente em calote

Governo grego buscou, como último recurso, um socorro financeiro de 30 bilhões de euros à zona do euro. A medida foi recusada. Especulação é se o país sairá do bloco econômico após referendo do dia 5 de julho

A Grécia não efetuou ontem o pagamento de € 1,6 bilhão da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O prazo de quitação do débito expirou às 18h do horário de Washington (19h em Brasília).

O governo grego chegou a enviar uma proposta de resgate financeiro de dois anos ao ESM (Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira), no valor de 30 bilhões de euros, como medida emergencial.

A proposta foi recusada, mas o bloco informou que vai discutir o assunto hoje e solicitou mais informações. O primeiro ministro grego, Alexis Tsipras, disse que o auxílio atenderia às necessidades gregas em paralelo à reestruturação da dívida.

No próximo domingo (5) os gregos devem ir às urnas votar um referendo que trata das medidas de austeridade fiscal colocadas pelos credores (FMI, Banco Central Europeu e países da zona do euro). Entre elas cortes em pensões e reduções de salários de funcionários públicos, além do fim de algumas isenções fiscais. A especulação do mercado é se a Grécia sairá ou não da zona do euro após o pleito.

Efeitos

O economista Róridan Duarte, do Conselho Federal de Economia (Cofecon), disse que mesmo com um acordo de rolagem da dívida da Grécia, o país sofrerá com a falta de credibilidade dos credores e investidores. “Terá uma saída de recursos dos investidores para reservas mais seguras, como títulos do tesouro americano. Isso vai refletir no custo das ações”, considera.

Sobre a possibilidade de a Grécia deixar a zona do euro, o economista Ricardo Eleutério, especialista em economia internacional, pontua um cenário de incertezas para o país do Mediterrâneo.

“A Grécia perderia sua identidade. Ela entrara num desequilíbrio fiscal e econômico indefinido. A volta da moeda (dracma) ou uma nova não teria valor interno ou externo. Demandaria tempo para ser valorizada”, ressalta.

No entanto, a representatividade da economia grega na União Europeia, calcula, varia de 2% a 2,5%. “Acredito num impacto pequeno. O pior seria para a população, que sofreria com as medidas restritivas”, comenta.

Róridan critica as medidas tomadas pela União Europeia após a crise de 2008. “Não teve flexibilidade em ampliar a moeda em circulação, tendo uma taxa de juros elevada. Dificultou a economia, além do aumento das despesas com a rolagem da dívida”.

Com o calote, ele aposta em novas negociações entre a Grécia e a União Europeia. “A Europa não vai pagar para ver o não cumprimento dos acordos. A previsão são mais de 20 bilhões de euros de rolagem da dívida grega com vários credores até agosto. As partes vão conversar novamente”.

Para o Brasil, os efeitos são poucos. “O efeito para a economia brasileira se vê em curto prazo. Mexe com a bolsa e atribula o câmbio. Mas são efeitos sem grandes impactos, já que o comércio exterior com a Grécia não tem tanta relevância”, destaca o economista Ricardo Eleutério. (Com Agências)

NÚMEROS

2%

a 2,5% é o peso da economia grega na zona do euro

Saiba mais

Calote histórico

A Grécia foi o primeiro país desenvolvido do mundo a dar um calote no Fundo Monetário Internacional

Zona do Euro

Dia 20 de julho é a data de pagamento de 3,5 bilhões de euros ao Banco Central Europeu. Especialistas acreditam que, se a dívida não for liquidada, a permanência da Grécia na zona do euro se torna insustentável

Queda de depósitos

Os depósitos nos bancos gregos estão em queda livre. No comparativo entre os meses de maio de 2019 e 2015, a redução foi de 102 bilhões de euro.

Fonte: O Povo