Pular para o conteúdo principal

Publicado em: 09/09/2015

Categoria

LEVY - Aumentar Imposto de Renda "pode ser um caminho"

Já Michel Temer propõe alta em imposto sobre a gasolina. Ambos buscam aumentar a arrecadação para cobrir o rombo de R$ 30,5 bilhões previsto no orçamento federal de 2016

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou ontem, em Paris, que o aumento do imposto de renda é uma possibilidade em estudo dentro do Governo. “Pode ser um caminho, é essa a discussão que gente está tendo agora e que acho que temos que amadurecer mais rapidamente”, afirmou. A declaração foi dada após uma reunião na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Questionado sobre o aumento da carga tributária, Levy comparou o Brasil aos países do órgão: “Em relação aos países da OCDE, a gente tem menos impostos sobre a renda, sobre a pessoa física do que na maior na parte dos países da OCDE. É uma coisa a pensar”, disse o ministro.

O ministro afirmou ainda que o Governo enviou ao Congresso um projeto de Orçamento de 2016 com déficit para obter uma “transição mais estável”. “A gente mandou o Orçamento com esse desequilíbrio para permitir essa discussão que é fundamental para garantir uma transição estável, segura para a retomada do crescimento”.

O Orçamento apresentado prevê déficit primário de R$ 30,5 bilhões –0,5% do PIB. Dias depois, entretanto, a presidente Dilma Rousseff pediu à equipe econômica que persiga a meta de superavit de 0,7% do PIB. Em meio à crise, o Governo já sinalizou que pode criar ou aumentar impostos. O próprio Levy afirmou no sábado que o governo cogita um imposto de “travessia.”

Chegou a ser ventilada no Planalto a ideia da volta da CPMF – o chamado imposto do cheque, extinto em 2007. Entretanto, o governo desistiu da medida diante de pressões.

Imposto na gasolina

Já o vice-presidente Michel Temer propõe o aumento da Cide (tributado cobrado sobre a venda de combustíveis) sobre gasolina para gerar recursos para os cofres da União e dos Estados. A proposta, feita a partir de sugestão do ex-ministro Delfim Netto, pode gerar cerca de R$ 15 bilhões ao Governo Federal e R$ 5 bilhões para os Estados.

A ideia já vinha sendo discutida pelo Palácio do Planalto e o aumento da Cide recairia apenas sobre a gasolina, não sendo elevada no caso do diesel. Motivo: reduzir o impacto inflacionário da elevação do tributo. Atingindo apenas a gasolina, a medida elevaria a inflação em cerca de um ponto percentual.

A medida seria pauta central entre Temer e governadores do PMDB na noite de ontem. Mas antes de sair de seu gabinete para o encontro, ele foi surpreendido por um chamado de Dilma Rousseff, que pediu conversa rápida com o aliado. Em cerca de 20 minutos, o vice defendeu o corte de despesas como principal solução para o déficit orçamentário do governo, mas não descartou o aumento de tributos. "Aumento de tributo só em última hipótese, descartável desde já. Não queremos isso. Temos que evitar remédios amargos". (das agências).

 

Fonte: Jornal O Povo