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Publicado em: 02/10/2015

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LAVAGEM DE DINHEIRO - Cunha é investigado por contas na Suíça

Uma operação do Ministério Público da Suíça revelou que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mantém quatro contas secretas no país. Cunha é investigado por lavagem de dinheiro e suborno

Após abertura de investigação criminal na Suíça e cinco menções na Operação Lava Jato, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), começa a sentir o peso das denúncias contra ele. Divulgada por procuradores suíços, a informação de que o parlamentar mantém quatro contas secretas no exterior obrigou Cunha a desistir de viagem marcada para a Itália. O parlamentar se recusa a comentar o caso.

Calculados em cerca de US$ 5 milhões, os valores depositados nas contas foram bloqueados pelo Ministério Público suíço. A suspeita é de que os recursos tenham sido resultado de suborno e lavagem de dinheiro.

Diante do silêncio de Cunha, cinco partidos, incluindo o próprio PMDB, cobraram explicações sobre as contas na Suíça. Filiados da Rede, Psol, PT e PSB completaram os 15 signatários do documento que exige respostas do presidente da Câmara.

Em agosto, 35 parlamentares pediram a renúncia de Cunha.

“Começa a cair a máscara daquele que representa, com toda desenvoltura, o achaque em nosso País”, escreveu o ex-governador Cid Gomes em sua página no Facebook.

Apesar dos vários indícios de envolvimento nos esquemas de corrupção na Petrobras, até o momento, Eduardo Cunha tem resistido no comando da Câmara.

De acordo com o cientista político Valeriano Costa, da Unicamp, o deputado federal consegue intimidar parte da base, inclusive o próprio PT, ao mesmo tempo em que se torna instrumento necessário à oposição. Portanto, a maioria é conivente com as denúncias contra ele.

Para o pesquisador, o parlamentar se fortalece com a polarização do País.

Independentemente das denúncias, da nota oficial do Ministério Público contra ele, do processo na iminência de ser aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Câmara ainda é peça fundamental para os interesses de todos que são contra a presidente Dilma Rousseff (PT).

“Com muito menos que isso, outros políticos já foram execrados. Esse cara continua dominante”, analisa. Valeriano compara o peemedebista a Renan Calheiros, presidente do Senado, que teve de deixar o cargo diante de escândalos e investigações em 2007.

Parlamentares

A opinião de outros deputados acaba reforçando a ideia do cientista político. “O afastamento depende de um processo com fatos concretos”, afirma o líder do Pros, Domingos Neto (Pros-CE). Ele promete que o colégio de líderes irá cobrar explicações sobre as contas.

Antes de reveladas as quatro contas, na tarde de ontem, o aliado do peemedebista, Genecias Noronha (SD-CE), argumentou: “Ninguém nem sabe se tem dinheiro nessas contas. Só porque um delatorzinho disse significa que é verdade?”.

O deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) também foi cauteloso ao falar da situação de Cunha. “Tomamos conhecimento pela imprensa. Ele já apresentou a sua defesa na CPI da Petrobras. Aguardamos a oficialização dessas denúncias na procuradoria”, diz. (com agências)

Saiba mais - Suspeitas

O Ministério Público da Confederação Suíça começou em abril a investigar a suspeita de que Eduardo Cunha escondera dinheiro naquele país.

Planejamento

As contas foram abertas em nome de empresas offshores, que ficam em paraísos fiscais para dificultar as investigações, já que esses países, diferentemente da Suíça, não costumam colaborar com apurações sobre lavagem de dinheiro e corrupção.

Investigação

A Suíça não irá prosseguir a apuração criminal sobre Cunha, como ocorre com outros suspeitos da Lava Jato. O país decidiu mandar para o Brasil todo o material encontrado sobre o presidente da Câmara para que o restante da investigação seja feita aqui. A transferência está prevista no acordo de cooperação em matéria criminal que a Suíça assinou com o Brasil em 2009.

 

Fonte: Jornal O Povo