TAXA DE JUROS - Setor produtivo repudia alta da Selic para 11%
04/04/2014.
O anúncio feito, ontem, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a nona alta consecutiva da Selic, que chegou a 11% ao ano nesse mês de abril, foi repudiado por todo o setor produtivo cearense. Indústria, comércio e serviços são unânimes em afirmar que a medida é um grande equívoco e garantem que, em médio e longo prazos, o aumento de juros põe em risco a economia do País.
De acordo com o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Carlos Prado, "a alta de juros é uma das piores coisas para o setor produtivo porque significa aumento de custos". Apesar de reconhecer que o governo usa dessa ferramenta para controlar a inflação, ele afirma que a estratégia não passa de "um grande equívoco", que vai acabar gerando mais inflação."Com os custos aumentando para a produção, em médio e longo prazo vai acabar impactando nos preços dos produtos. Nós do setor produtivo somos taxativamente contra essa ferramenta equivocada, que vai acabar repercutindo negativamente na economia, gerando mais inflação no futuro", afirma.
Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves, aumentar os juros não é a forma mais adequada de conter a inflação. "Acho que o governo perdeu o controle da economia, principalmente no que diz respeito a Petrobras e Eletrobras. É claro que a conta da inflação que os brasileiros estão pagando deve ser controlada, mas o método utilizado é um custo muito alto para a sociedade. E para nós do varejo é péssimo, especialmente nesse período de baixas vendas", argumenta.
Cid Alves entende que "o aumento dos juros é uma fórmula ultrapassada e até cruel". "Pagar mais juros para manter estoques dentro de casa é terrível. Com certeza não é essa a forma mais adequada para controlar a inflação", frisa.
Abad
O posicionamento da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) em relação à elevação da Selic segue na mesma linha. "Mais uma vez, nos defrontamos com os resultados desastrosos de uma política econômica mal planejada e focada apenas em resultados de curto prazo", denuncia José do Egito Frota Lopes Filho, presidente da Abad.
Impasses
Ele diz que o nível de alta dos juros foi ultrapassado e lembra que ainda persistem impasses que justificam tecnicamente novos aumentos em breve. "Um desses impasses é o consumo, que ainda é o principal motor de nossa economia. Se por um lado ele precisa ser controlado por meio de juros para não gerar mais pressões, por outro, não pode ser excessivamente contido para não prejudicar ainda mais o crescimento", argumenta.
Para o líder classista, tanto na ponta da produção como na ponta do consumo, a estratégia é perversa para o país e compromete o futuro da nossa economia. "É preciso sair dessa armadilha, e a necessidade de reformas é cada vez mais premente", defende o titular da Abad.
Fonte: Diário Online (Jornal Diário do Nordeste)