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Publicado em: 11/11/2015

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Seguro-desemprego tem 48% menos pedidos no Estado

Além de dificuldades impostas pelas novas regras, greve dos bancos dificultou as solicitações

O número de solicitações de seguro desemprego recebidas pelo Sistema Nacional de Emprego/Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT) no Ceará caiu quase pela metade (48%), em outubro deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2014. Enquanto no ano passado 19.587 trabalhadores solicitaram o recebimento do benefício em outubro, neste ano, apenas 10.153 conseguiram se habilitar.

De acordo com Júlia Torres, coordenadora de Seguro Desemprego do Sine/IDT, a diminuição do número de habilitados é reflexo não só da nova legislação, que limitou o acesso dos trabalhadores ao benefício, mas também da greve dos agentes bancários, que durou cerca de vinte dias. "Para pedir o seguro desemprego, o trabalhador precisa comprovar ter recebido o FGTS. Sem banco, muita gente não tinha acesso a esse documento", explica.

Em relação ao acumulado do ano, a queda do número de solicitações foi em torno de 7%. Enquanto 171.470 trabalhadores solicitaram o seguro até outubro deste ano, 184.168 se habilitaram para receber o benefício no mesmo período do ano passado. A coordenadora ressalta que o número não representa o total de beneficiários do Estado, uma vez que a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Ceará (SRTE/CE) e unidades municipais do Sine também habilitam trabalhadores para o seguro desemprego.

Uma das restrições que mais dificultaram o acesso dos trabalhadores ao benefício, segundo Júlia, foi a ampliação do período trabalhado de seis para 12 meses, no caso daqueles que vão solicitar pela primeira vez. O trabalhador poderá receber de três a cinco parcelas em um valor proporcional ao salário que recebia - sendo, pelo menos, o valor do salário mínimo (R$ 788) até, no máximo, R$ 1.385,91.

Rescisão

Lara Carvalho, 31, há quase um mês foi desligada de uma concessionária de veículos, que rescindiu o contrato com todos os vendedores, tanto da matriz como das filiais. "Nosso salário era a comissão em cima da nota fiscal e a empresa achou inviável continuar pagando, por conta das vendas baixas, e fez o corte geral. Todos os vendedores foram demitidos e novos foram contratados", explicou.

Segundo Lara, a medida prejudicou muitos funcionários, inclusive pessoas que estavam perto de se aposentar e outras com mais de 50 anos e problemas de saúde. Ontem, na unidade do Centro do Sine/IDT, ela deu entrada no pedido para receber o seguro desemprego e se deparou com uma surpresa: por conta das novas regras, não teria direito a receber o máximo de cinco parcelas do benefício, mas apenas quatro.

"Fiquei um ano nessa empresa e achei que iria receber as cinco parcelas do seguro, como recebi de outras vezes, só que não é mais. Com as novas regras, eu só teria direito se estivesse trabalhado lá dois anos. É ruim porque o mercado de trabalho já não está muito fácil e, ainda por cima, essa diminuição dificulta o tempo que a gente vai ter para encontrar emprego", destacou.

O valor do benefício, segundo Lara, não é suficiente, principalmente por conta de aumentos da energia, das compras no supermercado e do aluguel, entre outras despesas. "Já passei o ano de 2015 todo praticamente sem gastar, sem fazer compra, exatamente com medo. O dinheiro da minha rescisão vai ficar juntando e, devagarzinho, me segurar nesses quatro meses", explicou, afirmando que utilizará o período para estudar para concursos públicos.

Cortes

Ângela Patrícia, 28, é outro exemplo de profissional que perdeu o emprego por conta de cortes de gastos das empresas. Ela trabalhou como auxiliar de uma creche por 10 meses e acabou perdendo o trabalho, juntamente com outras duas pessoas. "Até achei que não ia receber o benefício, porque precisa ter trabalhado 12 meses para receber pela primeira vez, mas juntou com os quatro meses em que trabalhei em outra empresa e deu certo".

Edmilson Araújo, 50, por sua vez, acabou de retornar do Pará, onde trabalhou por dois anos e quatro meses como mecânico na Usina de Belo Monte, por conta do fim da obra em que estava inserido. Ontem, ele também deu entrada no pedido de seguro-desemprego, ganhando direito de receber as cinco parcelas, e espera encontrar em breve um novo trabalho. "Vamos ver se no próximo ano melhora e aparecem mais obras", aguarda.

Esperança

Já Cleilton Alves, 31, estava trabalhando como autônomo, na elaboração de projetos rurais e, com a diminuição da demanda no final do ano, retornou à Capital para procurar um trabalho formal, tanto na área agrícola como de auxiliar de contabilidade, com a qual tem certa experiência. Ele conta que há poucas oportunidades para quem está no interior. "Tem vagas, mas é mais difícil", lamenta.

 

Fonte: Jornal Diário do Nordeste