POLÍTICA MONETÁRIA - Em nona alta, Copom eleva Selic para 11%
03/04/2014.
Brasília. O Banco Central anunciou nesta quarta-feira (2) a nona alta consecutiva da taxa básica de juros, que passou de 10,75% para 11% ao ano, maior nível desde novembro de 2011. Em comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou o caminho aberto para novas altas, a depender dos indicadores econômicos que serão divulgados até sua próxima reunião no fim de maio.
Com a decisão unânime, em linha com o esperado por analistas do mercado financeiro, o presidente do BC, Alexandre Tombini, mais subscreveu comunicados pela alta da taxa do que cortando a Selic. Desde que assumiu, Tombini aumentou a Selic em 5,5 pontos porcentuais, em dois ciclos de altas - de janeiro a julho de 2011 e de abril do ano passado até ontem - ou 14 decisões do Copom. O ciclo de baixa, de agosto de 2011 a outubro de 2012, reduziu a taxa básica de juros em 5,25 pontos porcentuais em 10 reuniões seguidas.Depois dos cortes, Tombini liderou o colegiado para manter a taxa inalterada no recorde histórico de baixa, de 7,25% ao ano, em três reuniões - de novembro de 2012 a março de 2013.
Tudo indica que Dilma entregará ao fim de sua gestão juros maiores do que os que ela encontrou quando assumiu a Presidência, o que não ocorreu desde que foi implantado o regime de metas de inflação, em 1999.
Inflação
O aumento faz parte da ação iniciada há um ano pela autoridade monetária para controlar a inflação, que está acumulada em 5,68%, bem acima da meta estipulada pelo governo, de 4,5%. "Não é uma estratégia em longo prazo. A cada Copom a instituição reavalia o cenário", observou Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.
Mesmo assim, o próprio BC estima que a presidente Dilma entregará uma inflação maior no seu último ano de gestão do que a recebida de seu antecessor, o presidente Lula. Conforme as projeções do BC, a inflação em 2014 será de 6,1%, superior que aos 5,91% em 2010.
Analistas consideram que o BC apresentou, no relatório divulgado no mês passado, um cenário de inflação condizente com a realidade e também uma preocupação maior com a evolução dos preços, que vêm ganhando força mais rápido do que o esperado pela autoridade monetária. No cenário de referência do BC, a probabilidade de o IPCA romper o teto da meta de 6,50% este ano subiu de 27%, em dezembro, para 38% em março.
No Congresso, Tombini afirmou que os choques de preços de alimentos precisam ser acomodados pela política monetária, uma clara sinalização, na visão de economistas, de que a instituição vai reagir com juros enquanto a inflação de curto prazo permanecer pressionada.
Efeito no crédito
A elevação da Selic terá um efeito "muito pequeno" nas operações de crédito, avalia a Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Segundo o diretor executivo da Anefac, Miguel de Oliveira, há um grande "descolamento" entre a Selic e os juros praticados junto aos consumidores. A instituição estima que, com a nova Selic, a taxa média de juros para pessoa jurídica passará de 3,32% ao mês (48,04% ao ano) para 3,34% ao mês ou 48,38% ao ano.
Já para pessoa física, a taxa de juros média, nas contas da Anefac, vai subir dos atuais 5,82% ao mês - ou 97,05% ao ano - para 5,84% ao mês, o equivalente a 97,49% ao ano.
Fonte: Diário Online (Jornal Diário do Nordeste)