PLANEJAMENTO - Ajuste irá durar até 2017, diz ministro
Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, diz que "aperto" do ajuste fiscal deve durar dois anos. Economistas acreditam que efeitos podem ser sentidos por mais tempo
O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nélson Barbosa disse ontem que o ajuste fiscal vai durar dois anos. Durante o “seminário de política econômica: o desafio do ajuste fiscal brasileiro”, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, ele destacou que “o ajuste não será tão rápido quanto uns desejam, nem tão lento como outros acreditam”.
O ministro também defendeu a alta dos juros promovida pelo Banco Central, que ele classificou como um “remédio necessário” para o controle da inflação. Em abril, a autoridade monetária elevou a taxa básica de juros (Selic) para 13,25% ao ano, o maior patamar desde 2008.
Para o economista Sérgio Melo, o aperto fiscal vai além de 2017. Avalia que o governo central sem fazer o devido ajuste interno em suas próprias contas vai continuar precisando cortar gastos sem critérios, como está fazendo agora, além aumentar a carga tributária para cobrir a meta de superávit.
Melo também acredita que a população e a economia em geral vão continuar sofrendo as consequências desse quadro recessivo.”O desemprego vai aumentar, a renda vai cair, o crédito vai ficar cada vez mais restritivo e mais caro”, completa.
Ele ressalta que “o que se espera é que todo esse sacrifício da população permita vermos, a partir de 2017, uma queda nas taxas de juros e significativa redução da taxa de inflação, convergindo para os 4,5% da meta”.
O ministro do Planejamento também afirmou que uma “demanda reprimida” por serviços de infraestrutura vai ajudar a permitir uma retomada do nível de investimentos no país já no final de 2015 e, “sobretudo, a partir do ano que vem”.
O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Ceará (Ibef-CE), economista Antonio Roque Albuquerque, observa que os investimentos não virão para o Brasil simplesmente por termos demanda reprimida por serviço de infraestrutura. “Pelo contrário, este ponto mais preocupa que ajuda, o investidor sabe dos nossos problemas no âmbito de concessões, contratos e politicas de investimentos”, comenta.
Pacote de concessões
Acrescenta, porém, que havendo uma definição clara das concessões dos programas em infraestrutura, especialmente em relação às rodovias e portos, o País terá com certeza demanda para atender todos os projetos.
“A retomada do nível de investimentos, com certeza gera boas expectativas de reversão do quadro de recessão já implantado na economia”, afirma, salientando que, aliada à necessidade do Brasil investir nessa área, é preciso debelar a inflação. (com Folhapress)
Fonte: Jornal O Povo