PARA BANCÁRIOS - 'Abertura de capital da Caixa traz impacto social'
Para sindicato, há o risco de comprometer programas como o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família
A intenção do governo em abrir o capital financeiro da Caixa Econômica, anunciada em dezembro último pela presidente Dilma Rousseff, representa "uma ameaça ao desenvolvimento do País", segundo a análise do representante dos trabalhadores do Conselho de Administração da Caixa, Fernando Neiva. Para ele, a medida colocaria em xeque a ampliação de programas como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, além de desviar a função social da instituição.
Neiva participou ontem, em Fortaleza, do debate "Os impactos da abertura de capital da Caixa". O encontro foi realizado na sede do Sindicato dos Bancários do Ceará (Seeb-CE), no Centro.
O representante avalia que destinar 30% do capital financeiro da Caixa a ações para lucrar cerca de R$ 30 bilhões, como pretende o governo, não valeria a pena. "O acionista privado dificilmente manteria o atual perfil da Caixa, uma vez que o que passa a ser prioridade é o lucro. A instituição seria descaracterizada. A privatização da Vale mostrou isso, assim como as demais privatizações da década de 1990", destaca o representante do Conselho.
De acordo com ele, o principal impacto da abertura do capital da Caixa na sociedade brasileira seria a dificuldade da instituição em fortalecer programas existentes e desenvolver ações para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.
'Início da privatização'
"Teríamos, nesse início de processo de privatização, reflexos no Bolsa Família, no Minha Casa, Minha Vida, nos depósitos judiciais, nos penhores e na gestão do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), por exemplo", afirma Neiva.
O diretor do Seeb-CE, Marcos Saraiva, lembra que a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e as centrais sindicais protocolaram ofícios, no mês passado, solicitando audiências com o governo federal para debater o tema.
"Temos o apoio de diversos segmentos. O Judiciário, inclusive, funciona em paralelo com a Caixa, por conta dos depósitos judiciais. Temos todo o respeito dos magistrados do País", acrescenta Saraiva.
Além de Fernando Neiva e de integrantes do Seeb-CE, também participaram do debate membros da Comissão de Empresa dos Empregados da Caixa e da Ordem dos Advogados do Brasil Secção Ceará (OAB-CE).
Sem posicionamento
Procurada, a Caixa Econômica Federal informou, por meio de sua assessoria de imprensa em Fortaleza, que não se posiciona sobre a possível abertura de capital do banco.
Fonte: Diário do Nordeste