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Publicado em: 27/03/2015

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NESTE ANO - BC admite, pela 1ª vez, que inflação vai estourar meta

Confirmada a previsão, Tombini terá de enviar uma carta aberta a Levy explicando o descumprimento

Brasília. Pela primeira vez, o Banco Central admitiu que a inflação vai estourar o teto da meta em 2015. De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado ontem, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar o ano em 7,9% no cenário de referência - que considera juros e câmbio constantes - e em 7,9%, no cenário de mercado. As projeções anteriores eram menores e previam uma alta de 6,1% no cenário de referência e de 6,0% no de mercado.

Se esta estimativa se concretizar, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, terá de enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, justificando os motivos que levaram ao descumprimento da meta de 4,5%, com 2 pontos percentuais de tolerância para cima e para baixo, e revelando o que pretende fazer para levar os preços de volta ao controle.

Esta semana, durante audiência pública no Senado, Alexandre Tombini enfatizou que, apesar das críticas, nunca precisou confeccionar o documento. "Se tiver de escrever no futuro, o futuro dirá", afirmou. A última vez que a carta aberta foi escrita foi em 2004.

Cenário

O discurso do Banco Central era de que a alta dos preços - decorrente principalmente de realinhamentos dos administrados em relação aos livres e dos internos com os externos - deveria ficar circunscrita ao primeiro trimestre deste ano. Segundo o RTI, no cenário de referência, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - que calcula a inflação oficial do País - acumulado em 12 meses deve ter alta de 8,1% até o primeiro trimestre (6,4% era a projeção anterior); de 8,0% até o segundo trimestre (de 6,1% antes) e de 8,2% até o terceiro trimestre (6,1% antes).

Já no cenário de mercado, as previsões que constam no Relatório Trimestral de Inflação para a inflação acumulada em 12 meses subiu de 6,4% para 8,1% até o primeiro trimestre; de 6,2% para 8,0% até o segundo e de 6,1% para 8,1% até o terceiro trimestre.

Crescimento econômico

No relatório divulgado ontem, o Banco Central também destacou que a economia ˜do País não deve crescer neste ano. De acordo com o documento, a perspectiva para o Produto Interno Bruto (PIB) - soma de todos os bens e serviços produzidas em um país - de 2015 é de uma retração de 0,5%. Para o PIB de 2014, a previsão da autoridade monetária foi revista, de alta de 0,2% para retração de 0,1%.

Já de acordo com o Boletim Focus, divulgada pelo Banco Central na última segunda-feira, a economia nacional deve encolher ainda mais neste ano. Conforme projeções dos analistas de mercado ouvidos pela instituição financeira, a expectativa é que o PIB de 2015 se retraia 0,83%. Uma semana antes, os analistas acreditavam que o recuo seria um pouco menor, de 0,78%, embora ainda fosse maior que o admitido pelo Banco Central ontem, no Relatório Trimestral de Inflação.

Fonte: Diário do Nordeste