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Publicado em: 16/12/2014

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Nervosismo toma conta dos mercados

SÃO PAULO  -  Um clima de pânico tomou conta dos mercados na manhã desta terça-feira, após o Banco Central da Rússia fazer um choque de juros com o objetivo, fracassado, de conter a desvalorização da moeda local. As cenas lembram os clássicos ataques especulativos vividos por países emergentes nos anos 90 e geram forte nervosismo em todas as praças. A reação dos ativos também foi a mais típica: o dólar avançou com força em relação à maior parte das divisas, enquanto os juros dispararam, demonstrando o receio de que outros bancos centrais também sejam obrigados a subir suas taxas de juros.

Aqui, o mercado seguiu a regra. O dólar subiu mais de 2%, renovando sucessivamente máximas em quase dez anos. Os juros futuros também dispararam, tocando, na parte curta da curva, limites de oscilação. O mercado já precifica uma alta de um ponto percentual da Selic em janeiro.

A derrocada do petróleo agrava o humor na Bovespa, que teve uma manhã volátil mas chegou ao início da tarde com sinal negativo, abaixo dos 47 mil pontos. A queda foi agravada após a abertura dos negócios em Wall Street, onde a espera pela reunião do Federal Reserve é um elemento extra de cautela.

Câmbio

O dólar dispara ante o real nesta terça-feira, renovando sucessivamente máximas em quase dez anos, chegando no pico a alcançar R$ 2,7604. O mercado capta o forte mau humor vindo da Rússia, cuja moeda chegou a derreter quase 27% ante o dólar em meio a um pânico nos mercados do país devido ao tombo nos preços do petróleo, receio de recessão e ameaças de novas sanções do Ocidente contra Moscou.

Às 13h40, o dólar comercial subia 2,02%, para R$ 2,7399. Na máxima, a cotação foi a R$ 2,7604. No mercado futuro, o dólar para janeiro se apreciava 1,59%, para R$ 2,7500, após máxima de R$ 2,7700. De acordo com a BM&F, o patamar limite no dólar para janeiro nesta sessão é de R$ 2,859500.

No exterior, o dólar disparava 20,2% contra o rublo russo, alcançando uma máxima histórica 79,5151 rublos. A moeda americana saltava ainda 0,69% ante o peso mexicano e 0,14% na comparação com a lira turca — que caiu hoje a uma nova mínima história de 2,4170 liras por dólar. A coroa norueguesa, bastante correlacionada aos preços do petróleo, tinha forte baixa de 1,04%.

Juros

Sob pressão do ambiente externo, os juros futuros dispararam nesta manhã e, entre os vencimentos mais curtos, bateram no limite máximo de oscilação nesta manhã. Mesmo depois de se afastarem das máximas, essas taxas passaram a precificar um mini-choque de juros, de um ponto percentual em janeiro. Em meio a essa instabilidade de preços, o Tesouro julgou por bem cancelar a oferta de até 450 mil NTN-Bs.

Às 13h53, o DI janeiro/2016 era negociado a 13,29%, mas chegou a ser negociado a 13,44%, limite máximo de oscilação estabelecido pela BM&F. DI janeiro/2017 opera a 13,28% e também alcançou o limite de variação, de 13,49%. DI janeiro/2021 tem taxa de 12,83%, depois de alcançar a máxima de 13,07%, de 12,51% na segunda.

Bolsa

O Ibovespa mostra intensa volatilidade e já oscilou entre a mínima de -2,47% e a máxima de +0,61%. Às 13h48, caía 1,18%, para 46.462 pontos, com um cenário ruim para emergentes pesando sobre os negócios. O indicador voltou a mostrar uma queda mais consistente após a abertura do mercado em Nova York, que puxou vendas em Petrobras, novamente.

No nível atual, o Ibovespa precisa cair apenas 3,04% para atingir a mínima do ano, de 44.966 pontos, em 14 de março. Petrobras é novamente o fiel da balança e tem um pregão de extrema volatilidade e as ações PN, por exemplo, já oscilaram entre queda de -6,75% e alta de +8,06%. Às 13h48, a ação PN recuava 0,44%, para R$ 9,14, e a ação ON caía 0,35%, para R$ 8,49.

No mercado futuro de Nova York, o ADR da ação ON caía 4,95%, para US$ 5,95. O petróleo segue em queda livre e o contrato do WTI para fevereiro caía 2,40%, a US$ 54,91, na Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex), enquanto o do Brent com mesmo vencimento recuava 3,36%, a US$ 59,16, na ICE, em Londres.

A BM&FBovespa divulgou nesta terça-feira a segunda prévia do Ibovespa que valerá de janeiro a abril deste ano. Na comparação com a primeira prévia, há a novidade da saída de Rossi Residencial. Com isso, a carteira passa de 70 ações (carteira atual) para 68 papéis. Na primeira prévia, já haviam sido indicadas a entrada de Multiplan ON e a saída de Eletropa ulo PN e Cosan Logística ON.

Mercados internacionais

O Banco Central da Rússia decidiu na noite de segunda-feira adotar uma medida drástica, elevando a taxa básica de juros de 10,5% para 17%, em reunião extraordinária, afirmando que com isso pretendia limitar os riscos provenientes de uma depreciação substancial do rublo, além dos riscos inflacionários. Nesta terça, porém, a moeda russa opera em forte queda, já tendo atingido vários recordes de baixa ante o dólar, e o cenário delicado na Rússia reverbera negativamente nos mercados internacionais.

A Rússia enfrenta um quadro delicado, sofrendo com as quedas fortes no petróleo – que continuam em nível acentuado –, com sanções ocidentais que prejudicam sua economia e impulsionam a inflação. O vice-presidente do BC russo, Sergei Shvetsov, afirmou que a instituição adotará novas ações, para estabilizar o mercado financeiro. Ele não disse, porém, quais serão os próximos passos.

Perto das 13h (de Brasília), o dólar avançava mais de 20% ante a moeda no dia, a 72,26 rublos. No mercado de petróleo, o WTI para janeiro caía 2,8%, a US$ 54,35 o barril, enquanto o Brent para janeiro recuava 3,4%, a US $ 58,96 o barril, perto as 13h.

Fonte: Valor Econômico