META FISCAL - Mercado será influenciado por novos ajustes na economia
17/02/2014.
Ministério da Fazenda anunciará em breve o que o governo fará para pagar os juros da dívida pública brasileira
Um evento que deverá ocorrer até quinta-feira (20) atrai grande expectativa do mercado financeiro. O anúncio da meta fiscal para 2014 pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, tende a influenciar o comportamento de todos os segmentos de mercado, dos juros ao dólar, passando pelas ações.
A meta fiscal, no que interessa ao mercado financeiro, é o superávit fiscal, mais conhecido como a economia que o setor público (governo federal, estados e municípios) faz para pagar os juros da dívida pública. Essa economia, que é a diferença entre receitas e despesas, excluídos os gastos com o pagamento de juros da dívida pública, tem encolhido nos últimos anos e colocado sob suspeita a capacidade do governo de continuar honrando o pagamento da dívida pública (amortização e juros).
Meta fiscal
Essa desconfiança do mercado e de investidores, que aplicam em títulos públicos, tem pressionado para cima as taxas de juro e o dólar e empurrado para baixo as ações na bolsa de valores.
A tendência desses mercados daqui para frente, segundo especialistas, vai depender da meta fiscal que o governo anunciará. Se a meta corresponder às expectativas e o mercado perceber que é firme o compromisso do governo de alcançá-la, a perspectiva é que ocorra uma relativa acomodação dos diversos mercados.
Caso a meta aponte para um esforço fiscal do governo abaixo das expectativas, os mercados tenderiam a continuar pressionados, podendo até sofrer elevação adicional, além da prevista, da taxa básica de juros, a Selic.
A grande preocupação nos mercados é que eventual displicência do governo com os gastos públicos, em ano eleitoral, rebaixe a nota de crédito dos títulos da dívida brasileira pelas agências internacionais de classificação de risco. Eventual rebaixamento faz com que o investidor exija juros mais altos, como prêmio de risco, para aplicar em títulos públicos de emissão do Tesouro Nacional. O dólar também não escaparia à pressão de alta, pela saída de investidores estrangeiros, principalmente da bolsa de valores, que reforçaria a trajetória de baixa.
Vaivém
Em meio às expectativas com o anúncio da meta fiscal e o sentimento de pessimismo do investidor externo com o País, o dólar comercial acumulava desvalorização de 0,25% em fevereiro, até o último dia 13.
A estimativa dos analistas é que, a menos que surjam grandes novidades, a cotação da moeda americana oscile em um intervalo entre R$ 2,38 e R$ 2,42. O preço de fechamento mais alto do dólar em fevereiro, até o momento, foi R$ 2,437, no dia 3, e o mais baixo, R$ 2,379, dia 7 de fevereiro.
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, reúne-se nos dias 25 e 26 de fevereiro para decidir o rumo da Selic. As apostas de analistas, no momento, pendem para um aumento de 0,25 ponto percentual, inferior ao 0,50 previsto anteriormente, por causa da surpreendente desaceleração da inflação nesta virada de ano.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cravou 0,55% em janeiro, bastante abaixo das expectativas. Uma meta fiscal convincente poderia levar o BC a afrouxar a política monetária, com alta menor da Selic, que roda em 10,50% ao ano, no momento. A Bolsa de Valores de São Paulo acumula valorização residual de 0,36% em fevereiro, até dia 13, sem clara tendência, por enquanto.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste