Mantega: Economia deve crescer entre 2,3% e 2,5% em 2014
28/04/2014.
SÃO PAULO - A economia brasileira terá um crescimento em 2014 “em linha com o que tivemos no ano passado", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante o seminário “Rumos da Economia”, promovido pela revista Brasileiros. Em sua palestra, Mantega apresentou um gráfico apontava estimativa de expansão de 2,3% neste ano. No material, o ministro tomou como base as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para falar da recuperação projetada para os Estados Unidos, com crescimento de 2,8%, e bom desempenho da China. No Brasil, o ministro substituiu a projeção do FMI, de 1,8%, para 2,3%.
Na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a previsão que consta para 2014 é de crescimento de 2,5%. Após o fim da palestra, Mantega negou que a previsão tenha sido revista para 2,3%, apesar do material apresentado. “Essa previsão não é precisa. É algo entre 2,3% e 2,5%. Vamos revendo esse número a medida que tivermos resultados concretos”, comentou o ministro. “Não podemos mudar esse número toda hora nos instrumentos oficiais porque ele serve para relatórios”, complementou.“Ouso dizer que, do meu ponto de vista, as perspectivas são boas para a economia brasileira” nos próximos anos, afirmou. Segundo Mantega, há debate em relação a esse cenário porque hoje “há mais pessimistas do que otimistas” em relação à atividade doméstica.
“Talvez o pessimismo que se implantou no Brasil seja resultado da grande crise internacional que atingiu vários países nos últimos cinco anos, embora o Brasil tenha se saído melhor,” disse Mantega. O ministro da Fazenda reiterou que o Brasil passou bem pela última crise e está preparado para a retomada da economia internacional, “até mais do que outros países”.
Ciclo de expansão
Para Mantega, a melhora do cenário internacional combinada com as políticas e medidas tomadas pelo governo vão suportar a melhora da economia doméstica ao longo dos próximos anos. O Brasil, inclusive, está entrando em um novo ciclo de expansão econômica, de acordo com o ministro da Fazenda. Mantega afirmou que essa nova etapa econômica, que começa neste ano e deve se estender até 2022, contará com crescimento de 7% ao ano nos investimentos e avanço de 3,6% ao ano no consumo.
Com isso, a expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça a um ritmo médio de 4% ao ano nesse período. “Com o crescimento do consumo avançando menos que o investimento, não haverá pressão inflacionária”, destacou, acrescentando que o investimento já vem se expandindo com força. Segundo Mantega, a previsão de investimentos do governo federal neste ano é de R$ 73,8 bilhões. “Há grande demanda por portos, rodovias e aeroportos no Brasil”, disse.
De acordo com Mantega, não falta crédito para investimentos em infraestrutura no Brasil, mas há carência de financiamento ao consumo. “O consumo vai voltar a se aquecer”, enfatizou o ministro, sem entrar em detalhes.
A expectativa da Fazenda é que a renda per capita cresça 33,2% até 2022, acelerando em relação à ultima década, quando o aumento foi de 29,3%. “O objetivo da política econômica é melhorar o padrão de vida da população”, afirmou.
Restrição de crédito
Para Mantega, o PIB poderia estar crescendo cerca de 3% ao ano caso não houvesse restrições de crédito ao consumo. Em sessão de perguntas e respostas após o seminário, ele foi questionado sobre como seria possível aumentar a demanda com juros altos e inflação elevada.
Para Mantega, o principal problema para a demanda é a falta de crédito ao consumo hoje, já que, apesar da queda da inadimplência, os bancos privados estão mais rigorosos na concessão de crédito. “Antigamente, era possível financiar um carro com 10% ou 20% de entrada. Mas hoje exigem entrada de 50%”, disse.
Se não houvesse essa restrição de crédito, afirmou Mantega, o consumo estaria mais vigoroso e o PIB poderia crescer algo como 3% ao ano, em vez do ritmo atual. O ministro ainda disse que há crédito para o investimento, via Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES).
O consumo das famílias, disse, continua crescendo, sustentado pela alta da massa salarial, que ainda avança cerca de 2,5% ao ano, embora seja um ritmo inferior ao observado em anos anteriores. “Mas sem o crédito, o consumo não dá aquele dinamismo para a economia”, afirmou.
Para Mantega, a tendência de queda da inadimplência deve levar os bancos a ficar menos rigorosos com a concessão de crédito.
Fonte: Valor Online (Jornal Valor Econômico)