INTEGRAÇÃO REGIONAL - Brics busca aproximação com países da América do Sul
No encontro, a presidente Dilma disse que o novo Banco será importante para os países vizinhos do Brasil
Sucursal Brasília. Mesmo deixando claro que não há espaço para a expansão do Brics, os líderes que integram o Grupo de países em desenvolvimento, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, reafirmaram ontem, em Brasília, a importância do encontro com os dirigentes de 11 países da América do Sul. Os chefes de Estado, incluindo os sul-americanos classificaram a VI Cúpula do Brics como o marco de um novo tempo na geopolítica mundial.
Ontem, a presidente Dilma Rousseff voltou a se pronunciar sobre a criação do Banco do Brics, reafirmando que a nova instituição será "extremamente relevante", não só para os países integrantes do Grupo, mas também para os países da Unasul.
Resultados práticos
Esta foi a 6ª Reunião de Cúpula dos países emergentes e a primeira a ser considerada, por todos os governantes, com resultados práticos positivos, já que a instituição financeira foi formalizada, tendo sua sede na China e o seu primeiro presidente da Índia. Foi também a segunda reunião aberta a outros países para conhecimento dos projetos do Grupo. Como ocorreu em Fortaleza, na última terça-feira, todos os encontros em Brasília ocorreram à portas fechadas.
A presidente Dilma Rousseff, que chegou ao Itamaraty às 11 horas, afirmou, pouco antes do início do encontro, que a intenção era "replicar o modelo ocorrido na África do Sul", quando presidentes e chefes de Estado de países africanos participaram da reunião de Cúpula do Brics. "Fizemos a reunião com países africanos e faremos aqui com países da Unasul, que também é muito importante para o relacionamento com o Brics", avaliou Dilma Rousseff. Ainda de acordo com a presidente do Brasil, apesar de não terem ingresso no Grupo, "sempre olharemos com muita generosidade os nossos empréstimos. Eles serão feitos com padrão de boa gestão".
O Banco de Desenvolvimento dos Brics ainda precisa ser criado e deverá entrar em funcionamento em dois anos, ressaltou a presidente. O Banco contará com um capital inicial de US$ 100 bilhões. Os cinco países se comprometeram ainda em Fortaleza, a reunir, no primeiro momento, um montante de US$ 50 bilhões. O dinheiro será usado para financiar projetos dos países-membros.
Nova governança
"É uma oportunidade histórica, porque marca um novo tempo. Uma grande aliança das cinco potências emergentes - Rússia, China, Brasil, Índia e África do Sul - com a América do Sul como bloco. Essa aliança realmente é extraordinária, vai criando as bases econômicas, materiais, financeiras, culturais e políticas de um mundo novo. E toda essa aliança nasce para a paz, o crescimento, a prosperidade", declarou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Reuniões pontuais
O encontro começou com mais de uma hora de atraso, devido a problemas na chegada das 16 delegações que participaram do evento. O atraso no começo dos trabalhos deu ensejo a reuniões pontuais entre presidentes da América do Sul, como Argentina, Colômbia, Venezuela e Bolívia, de acordo com informações do Itamaraty.
O presidente chinês Xi Jinping aproveitou sua estada em Brasília e visitou o Congresso Nacional, onde defendeu uma nova governança mundial para a internet.
Chefes de Estado elogiam nova instituição
Brasília. Os presidentes da América do Sul elogiaram ontem a criação do Banco do Brics, e mostraram interesse na iniciativa, vista como uma nova fonte de recursos para projetos de desenvolvimento nesses países.
A diminuição da dependência do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial para obtenção de financiamentos deu o tom dos elogios. “Apostamos num mundo multipolar”, afirmou a presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
Segundo o presidente uruguaio, José Mujica, a existência de mais alternativas além do FMI é vantajosa. “O mundo financeiro é imprevisível e a insegurança e a volatilidade do mundo atual são muito grandes. Isso nos obriga a ter uma reserva. Meu país é muito pequeno, tem um PIB de US$ 52 bilhões e tem uma reserva de US$ 18 bilhões, o que é uma disparidade”, disse.
“O mundo precisa de uma nova ordem internacional financeira. O novo banco acabará com as políticas de neoliberalismo e neocolonialismo”, disse o presidente da Bolívia, Evo Morales.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, por sua vez, destacou que o encontro de ontem concentrou simbolicamente a metade da população do mundo e um quarto do PIB.
Já o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, propôs uma aliança de trabalho entre o Banco do Sul – fundo monetário da Unasul – e o banco do Brics, com o objetivo de “fazer uma nova arquitetura financeira que beneficie o desenvolvimento econômico em condição de equidade para nossos países”.
Repórter: Rose Ane Silveira
Fonte: Jornal Diário do Nordeste