Gianetti diz que 2015 pode ter crescimento de 1,5%
No dia em que foram anunciados os novos ministros da Fazenda e do Planejamento, empresários e sociedade civil cearense participaram do quarto encontro do Brasil em Debate, para discutir os rumos que se desenham para a economia do País. O palestrante, economista Eduardo Giannetti, disse que acredita no trabalho do novo titular da Fazenda, Joaquim Levy, ex-secretário do Tesouro Nacional, mas teme que ele não consiga lidar com as questões políticas que envolvem o cargo. De acordo com ele, os políticos lidam melhor com a complexidade da economia, do que os economistas, com a complexidade da política.
Mesmo com os grandes desafios que a nova equipe econômica terá pela frente, Eduardo Giannetti argumenta que, caso o ministro Joaquim Levy possa colocar em prática suas ideias, é possível que o cenário de turbulências comece a mudar. “Dá para terminar o ano de 2015 com a inflação convergindo para o centro da meta. Não vai ser um ano de crescimento ainda, mas, se tudo correr bem, é possível imaginar um crescimento variando de um a 1,5%”, arriscou o economista. O crescimento ainda não será possível devido à atual situação, que aliou baixo crescimento crônico, com dois semestres de PIB negativo; alta inflação; e vulnerabilidade externa; fatores que, segundo o economista, não costumam caminhar juntos.
Para compreender os problemas vivenciados pelo Brasil atualmente, é preciso analisar um fator: a carga tributária, que aumentou em todos os governos, desde 1988. “Hoje, a carga tributária bruta do Brasil é de 36% do PIB, e mais, o Estado brasileiro gasta 5% do PIB acima do que arrecada”, apontou. Giannetti afirma, portanto, que 41% do PIB nacional são drenados do setor privado, das empresas e das famílias. Na contramão deste número, está o percentual de investimentos em máquinas, equipamentos e infraestrutura, que é de apenas 2,5%.
PREVISIBILIDADE
O Brasil em Debate é realizado pela Coopercon-CE, em parceria com o Sinduscon-CE. O fórum de ideias foi idealizado para discutir os principais temas que envolvem a economia, a política e as questões sociais do País, e já trouxe para Fortaleza nomes como Ricardo Amorim, Arnaldo Jabor, Dony De Nuccio e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Este resultado comprova a sede da sociedade cearense por participar diretamente das decisões de nossa cidade, Estado e do Brasil”, disse o presidente da Coopercon, Marcos Novaes. “Precisamos de previsibilidade para continuar investindo no Brasil. Não podemos fazer isso se não sabemos como a economia vai estar daqui a três meses”, completou.
Já o presidente do Sinduscon-CE, André Montenegro de Holanda, enfatizou que o fórum de ideias reflete a intenção do sindicato de buscar maior diálogo com os órgãos e instituições, para representar melhor os legítimos interesses do setor da construção civil. “O nosso compromisso mantém-se firme, de atender às expectativas de nossos clientes e às demandas de nossa sociedade. Portanto, um fórum qualificado como este é fundamental para refletirmos sobre os muitos desafios que ainda temos que enfrentar, para o desenvolvimento sustentável”, finalizou.
Fonte: O Estado do Ceará