[FONACATE NA MÍDIA]» Conjuntura» Servidores temem por reajustes
Os servidores públicos federais temem pelo rumo das negociações salariais até agora consolidadas com cerca de 90% do pessoal, seja qual for o resultado do processo de impeachment, cuja abertura será colocada em votação amanhã, no plenário da Câmara dos Deputados. Caso acordos sejam rompidos ou descartados, lideranças sindicais ameaçam convocar greve geral. “Aguardamos o desenrolar dos acontecimentos. Mas, se tivermos que recomeçar do zero, vai ter enfrentamento. Uma mudança agora nos colocaria no pior dos mundos”, disse Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef, que representa 70% dos servidores).
O temor tem fundamento, segundo técnicos do governo. O chefe do Executivo tem o poder de interromper as negociações, inclusive, de retirar os projetos de lei que autorizam reajustes salariais, em tramitação no Congresso. Desfazer tratos antigos não fere a legalidade, se ficar comprovado que isso é necessário para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Para esses profissionais — apoiadores e adversários da atual gestão —, “a culpa pela demora no encerramento da campanha salarial de 2015 é dos próprios servidores, que, por birra e em defesa de interesses nada republicanos, pressionaram o governo a dar o que não podia e até o que eles não mereciam”.
Pautas-bomba
No entender de Sérgio Ronaldo da Silva, “o patronato que nos afronta nada fez para o desenvolvimento do país. Apenas nos últimos quatro anos, só de isenção fiscal e desoneração da folha de pagamento foram R$ 500 bilhões. Dinheiro tirado da sociedade, da saúde e da educação”, reforçou. Ele garantiu que as bases — integrantes do chamado carreirão — estão cansadas de pagar o preço da retração econômica e não aceitarão a aprovação sorrateira das chamadas pautas-bomba, que prejudicam as categorias.
Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), que representa o topo da pirâmide do funcionalismo), também admitiu o risco iminente de descontinuidade, em caso de mudança, ou mesmo em situação de conservação, com novo pacto político. “O atual governo, pelo menos, embora não tenha obrigação, tem um compromisso moral com os servidores. Mas isso também diz pouco. Na última eleição, a presidente Dilma fez vários acenos que não se concretizaram”, ponderou.
Os servidores devem redobrar a atenção no que acontecerá no Congresso. Marques prevê que a primeira tentativa, resolvida a crise política, será de reformas administrativa e da Previdência. “E quando a sociedade abrir o olho, seus direitos já terão sido usurpados. Há que se ter cautela com os que se dizem heróis. Eles tendem a aproveitar um mínimo de popularidade para aprovar projetos impopulares”, afirmou.
Entre os mecanismos, ele citou o PLP 257/2016, que refinancia a dívida dos estados, mas também prejudica o servidor. No próximo dia 26, o Fórum dos Servidores Federais (que reúne o conjunto dos funcionários) se reunirá, às 9 horas, para definir as estratégias de mobilização.
Por Correio Braziliense
Fonte: Fonacate